Ispa N1 Minuto | Newsletter #47 – Novembro 2024

Ouvir o futuro

Maryse Guedes, Professora do Ispa – Instituto Universitário e codiretora do Mestrado em Psicologia e Psicopatologia do Desenvolvimento

Este é o convite que nos foi endereçado no Dia Internacional dos Direitos da Criança, celebrado anualmente a 20 de novembro. Um convite que nos interpela a pôr em ação a viragem na conceção dos direitos das crianças, consagrada pela convenção das Nações Unidas, reconhecendo-as como agentes ativos que são influenciados e capazes de influenciar os mundos onde se inserem. Um convite que nos desperta para a nossa responsabilidade enquanto cuidadores, profissionais, membros da comunidade, dirigentes de organizações e/ou decisores políticos na defesa dos direitos universais e inegociáveis de todas as crianças, sem discriminação de qualquer tipo. Um convite que nos consciencializa para a necessidade de um compromisso individual e coletivo que salvaguarde, desde os primeiros anos de vida, o direito das crianças a viverem em contextos suficientemente bons que nutram as suas necessidades, garantam a sua proteção, propiciem o desenvolvimento de todo o seu potencial e incentivem, de forma sensível à sua fase de desenvolvimento, que elevem as suas vozes para participar na tomada de decisões importantes para o seu presente e para o seu futuro. Não viremos as costas a este convite, numa altura em que a violência sob todas as formas, a pobreza, a exclusão de grupos minoritários, as mudanças climáticas e tecnológicas, as situações de conflito, as crises migratórias e de emergência médica comprometem os direitos fundamentais das crianças e ameaçam silenciar as suas vozes. Mobilizemo-nos para cuidar do futuro. Transformemos o conhecimento científico em práticas e políticas baseadas na evidência que interpelem os atores dos vários contextos onde as crianças se desenvolvem a colaborar, de forma concertada, para pôr em ação a defesa dos seus direitos, o mais cedo possível. Trabalhemos para e com o futuro, escutando as crianças todos os dias.

Luís Antunes | People Experience Consultant e Empreendedor

Licenciado em Psicologia pelo ISPA, onde concluiu igualmente o mestrado integrado em Psicologia Social e das Organizações. É pós-graduado em Gestão de Pessoas e Felicidade Organizacional pela Universidade Atlântica.

Tem mais de 20 anos de experiência em recursos humanos. Começou a sua carreira como Consultor de Recursos Humanos nas empresas Ray & Berndtson, CEGOC e Mercer. Posteriormente passou pela Allianz onde foi Responsável do Departamento de Formação e Desenvolvimento e mais tarde foi Diretor Adjunto de Recursos Humanos no Banco Banif. Até 2022 foi People Experience Director da PHC Software, empresa que conquistou em 2021 o prémio da Empresa mais Feliz de Portugal e a PME onde os portugueses mais gostariam de trabalhar.

É people experience consultant, desenvolvendo projetos na área da gestão de pessoas, experiência do colaborador, software de RH e felicidade organizacional e leciona na pós-graduação de Desenvolvimento Organizacional e Capacitação de Equipas e Pessoas da Universidade Católica Portuguesa. É ainda sócio-gerente da Lumi Geladaria Artesanal, um projeto de empreendedorismo que resulta de uma paixão por gelados artesanais.

Em 2016, no âmbito do projeto “Círculo da Inovação”, com o alto patrocínio da Presidência da República Portuguesa, é escolhido como uma das 100 pessoas, entre os 25 e os 45 anos, mais inovadoras de Portugal (categoria “Gerir e Criar Trabalho”).

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Nome completo:
Luís António da Mata Antunes
Idade:
48 anos (49 a partir de 02/12/2024)
Situação familiar (casado? filhos?):
Solteiro, sem filhos
Local de nascimento?
Abrantes
Foi aí que cresceu?
Sim, cresci em Abrantes, uma cidade média do distrito de Santarém. Sou o segundo filho (somos 2 rapazes e 2 raparigas) de um bancário e de uma comerciante (loja de decoração de interiores), típica família de classe média. Vivi lá até aos 18 anos, momento em que fui estudar Engenharia do Ambiente para Faro, na Universidade do Algarve. Como não gostava nada do curso, desisti no 1º ano para vir para o Ispa, pois a minha motivação era a psicologia.
Se pudesse reviver algo da sua infância, o que seria?
Os momentos de férias no Algarve. Tenho muito boas memórias dos 15 dias de férias que, a cada ano, fazíamos nas praias algarvias. Fica a memoria de brincar com os meus irmãos, estar na praia, passear, comer gelados (vem daí a minha paixão dos gelados) e fazer visitas culturais com os meus pais. Eram momentos de verdadeira felicidade e bem-estar.
Lugar preferido?
Lisboa. Gosto muito desta cidade onde me tornei adulto, onde aprendi sobre a vida, onde encontrei o amor, a tristeza e a felicidade, as aventuras e desventuras e onde a cada esquina existe algo novo para aprender e para viver.
Tem algum passatempo? E “mania”?
Durante a faculdade comecei a fazer teatro, no Grupo de Teatro Palha de Abrantes. Fui ator amador mais de 20 anos. Hoje ainda faço parte do grupo, mas mais na componente de gestão. Relativamente a “mania” posso dizer que adoro experimentar restaurantes novos, fazer tours gastronómicos e conhecer a cozinha de cada país e de cada cultura.
Uma coisa que faz melhor do que ninguém?
Esta pergunta não é fácil. Não diria que sou melhor que os outros, mas posso dizer que tenho uma boa capacidade de comunicação e para fazer apresentações em público. Desde criança que gostava de subir ao palco e a verdade é que já nessa altura me saía bem. Ainda hoje gosto de fazer apresentações, dar formação, lecionar e “subir ao palco” quando é preciso.
O que o/a fascina?
Fascina-me o nosso planeta, com toda a sua diversidade de paisagens naturais, o mar, as florestas, os animais e toda a capacidade humana para criar estruturas de ficar de “boca aberta”. Talvez por isso goste tanto de viajar. É das poucas coisas em que gastamos dinheiro, mas vimos sempre muito mais ricos. Já visitei mais de 40 países e estou sempre a pensar na viagem seguinte – no início do ano vou ao Senegal.
O que os outros gostam em si?
Gostam da minha forma cordial de comunicar, de procurar conhecer o outro e da minha capacidade de escuta ativa. Sou mais de escutar do que falar e, essa minha característica, é muito facilitadora no processo empático.
E o que gostam menos?
Do meu traço de personalidade muito orientado, quase compulsivamente, para o planeamento, organização e arrumação. Não só sou assim, como exijo, junto das equipas que lidero, que sejam assim no espaço físico e digital.
O que queria ser quando era pequeno(a)?
Queria ser ator. Achava que o facto de gostar de palco e ter jeito para interpretar personagens, essa seria a minha carreira natural. Acabei por descobrir que para se subir a um palco, não implica ser obrigatoriamente ator.
Como foi a sua formação e porque escolheu essa área?
A minha formação é em Psicologia Social e das Organizações pelo Ispa. Escolhi esta área porque me apaixonei pela disciplina de psicologia no 10º ano na escola secundária. Tive um professor, que nos motivava a conhecermos mais sobre os nossos comportamentos e sobre como cada coisa que fazemos, mostra a personalidade que temos. A área de organizações veio do meu gosto pela área da gestão e da economia. Então considerei que este curso juntava o melhor de dois mundos – o comportamento das pessoas nas organizações.
Foi influenciado(a) pelos seus pais ou familiares, nesta escolha?
A minha irmã, mais velha que eu quatro anos, um dia disse-me que achava que o curso de psicologia era a minha cara. Eu, que na altura estava a frequentar a disciplina de psicologia, achei que de facto fazia todo o sentido, pois além de estar a gostar, via-me a trabalhar nesta área. A ideia foi maturando e acabei por ir mesmo para psicologia.
Como é que iniciou a sua carreira profissional, e como foi esta correndo?Comecei a minha carreira profissional com um estágio curricular na empresa Mars Inc., a dos chocolates. Estive lá sete meses a fazer descrição e qualificação de funções. Depois fiz um estágio profissional como researcher durante 6 meses na consultora de executive search, Ray & Berndtson, uma empresa “caça-cabeças”. A primeira empresa, com contrato de trabalho foi a CEGOC, onde fiz muito recrutamento e seleção, assessment centres e também fui formador. Trabalhei lá quase cinco anos para sair para outra consultora, a Mercer. Depois estive em funções de liderança de equipas de recursos humanos na Allianz, Banif e PHC Software. Nesta última como Diretor durante sete anos. Fui muito feliz nas empresas onde passei. Nelas deixei colegas que se tornaram amigos, com quem ainda hoje privo. Hoje sou consultor e formador independente, professor convidado numa universidade e tenho o meu negócio de gelados artesanais – a Lumi Geladaria, que nasceu da minha vontade de ser empreendedor numa área de paixão.
Como chegou ao Ispa?
Eu terminei o secundário em 1993, e na altura não havia muitas universidades com licenciatura em psicologia. Nesse ano concorri às quatro universidades públicas, mas a minha média de 16 valores não era suficiente para entrar e acabei por entrar em Engenharia do Ambiente em Faro, na Universidade do Algarve. Como descobri que não gostava nada do curso, desisti logo no 1º ano e inscrevi-me no Ispa no ano seguinte. O Ispa era na altura, como ainda hoje o é, uma escola de referência no ensino da psicologia em Portugal. Os meus pais disseram-me que, mesmo tendo o custo de ser uma escola privada, queriam que eu estudasse aquilo que me motivava e numa escola de qualidade.
Maior orgulho, em termos profissionais?
Quando andava no Ispa, disse que um dia chegaria ao topo de carreira como Diretor de Recursos Humanos, mas com o objetivo de criar uma boa empresa para trabalhar e onde as pessoas fossem felizes. Fiz todo o meu percurso, pelo que, antes dos 30 anos fui líder de equipa e antes dos 40 anos, diretor. Como People Experience Director da PHC Software alcancei, juntamente com a equipa que liderava, algumas coisas de que me orgulho muito: ganhámos o prémio da empresa mais feliz de Portugal em 2021, fomos classificados como estando entre as 10 melhores empresas para trabalhar em Portugal e fomos distinguidos, três anos consecutivos, como a PME onde os portugueses mais gostariam de trabalhar.
Qual o maior obstáculo profissional que enfrentou?
No Banif, na altura da intervenção da troika, quando tive o desafio, juntamente com toda a equipa de RH, de fechar 200 agências e negociar a saída, de forma amigável, um a um, mais de 1000 colaboradores.
O que mais o motiva, profissionalmente?
Ver pessoas felizes a trabalhar, a criar bom ambiente, a serem a melhor versão de si mesmas e a atingirem o seu máximo potencial, enquanto pessoas e profissionais. Com isto vem o sucesso das empresas, os resultados aparecem e, no final, todos ganham: empresas, colaboradores, acionistas e todos os stakeholders.
Se tivesse sido algo completamente diferente, o que teria sido?
Tinha sido ator. Ainda hoje sinto a paixão pelo teatro e pelo palco, embora já não o faça há uns anos. Hoje sou algo que achei que nunca o chegaria a fazer – ser um mestre geladeiro, algo que gostava muito de experimentar e, desde há um ano, que tenho a minha geladaria artesanal, com outro sócio, onde posso criar receitas e fazer gelados de alta qualidade.
Tem sonhos?
Nunca fui uma pessoa muito materialista, pelo que os meus sonhos foram sempre o de viajar, de conhecer o mundo, estar com família e amigos e, sobretudo, ter tempo. Atualmente o meu maior sonho é ter liberdade financeira, para poder fazer tudo aquilo que gosto, sem ter as amarras de um horário, local ou agenda.
Gostava de voltar a estudar?
Eu depois da licenciatura fiz o mestrado integrado no Ispa, e fiz ainda uma pós-graduação em Gestão de Pessoas e Felicidade Organizacional na Universidade Atlântica, onde depois fiquei a dar um dos módulos. Gostava de voltar a estudar numa área de gestão de empresas, MBA ou algo desse tipo, pois como empreendedor sinto que é uma área onde me falta conhecimento para gerir melhor a minha empresa.
Último livro que leu?
O último livro que li foi “Empreendedorismo de Estilo de Vida”, do professor e investigador do ISCTE, Álvaro Lopes Dias. Este livro fala sobre empreendedores no turismo que escolhem viver das suas paixões e objetivos pessoais, em vez de se focarem apenas no sucesso financeiro. A Lumi Geladaria foi um dos casos estudados neste livro, no qual eu e o meu sócio, o José Miguel Pereira, tivemos a honra de participar.
Filme preferido?
O “Império do Sol”, de Steven Spielberg, um filme de 1987. Foi dos primeiros filmes, que não eram de animação, que vi no cinema e que me marcou muito pelo facto do protagonista ser um rapaz da minha idade, em plena II Guerra Mundial, na Ásia.
Música preferida?
Não tenho propriamente uma música preferida, mas adoro a “Bohemian Rhapsody” dos Queen, pois é uma obra de arte, com vários estilos, instrumentos, riqueza de letra e tudo numa música apenas.
Imagem preferida?
Gosto muito de um quadro que está no Museu de Arte Antiga, em Lisboa, que me fascina sempre que lá vou. É o quadro “Tentações de Santo Antão” de Jheronymus Bosch. A pintura parece ser surrealista, pois tem tanto de assustadora como de intrigante. Foi uma pintura completamente disruptiva para a sua época com imagens impressionantes – parece que foi pintada noutra época que não no renascimento.
O que é ser do Ispa?
Um vez Ispiano, Ispiano para sempre. Ser do Ispa é olhar o mundo de forma diferente, interpretar a comunicação e as atitudes do ser humano e saber que por detrás disso há muito mais para compreender. Ser do Ispa é ser um estudioso do comportamento humano para o resto da vida, é pertencer a uma comunidade que fará sempre parte de mim e que contribuiu para aquilo que sou hoje.
Que pergunta gostava que lhe fizessem?
Depois destas perguntas todas, não fica muito espaço para pensar em qual poderá estar aqui a faltar. Mas se me perguntassem se eu mudaria alguma coisa, mais marcante, no meu percurso académico, pessoal e profissional eu diria que não mudaria nada. Tudo aquilo que fiz, os sítios por onde passei e o que estudei, são hoje parte de mim e eu gosto daquilo que me tornei.

Educar para o Inconformismo: Reflexões sobre Ética, Humanismo e o Papel da Academia no Mundo Atual

Teresa Garcia-Marques, Presidente do Conselho Científico do Ispa – Instituto Universitário

*Discurso proferido durante a Sessão Solene de Abertura do Ano Letivo de 2024/2025

Exmos. Ispianos,

É com honra que vos dirijo algumas curtas palavras na abertura oficial do ano letivo de 2024/2025 do Ispa-Instituto Universitário.
As minhas primeiras palavras vão para os novos alunos do Ispa, dando-vos as boas-vindas e cumprimentando-vos pela seleção de uma escola que vos oferece uma formação assente não só em competências básicas ao exercício de uma profissão, mas também em valores e princípios humanistas, em ética profissional e científica e sensibilidade ao mundo que nos rodeia em todos os aspetos relevantes da atualidade.
A todos os restantes alunos do Ispa é com alegria que vos vejo a iniciar um novo ano letivo, dou-vos as boas-vindas e desejo que continuem o vosso percurso de desenvolvimento em todos os aspetos anteriormente referidos.
A todos os colegas e funcionários lembro-vos de que o Ispa é uma escola agida por todos nós e que os seus princípios éticos e profissionais são implicitamente adquiridos por todos os alunos através da forma como os agirmos nesta escola. O nosso exemplo. mais do que as palavras, contribui para a sua formação.
A todos os convidados, obrigada pela vossa presença que muito dignifica este evento e define o Ispa na sua abertura à sociedade, na sua intemporalidade e na sua atual projeção para o futuro.

A todos, bem-vindos!

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Fazendo as minhas palavras breves quero destacar dois pontos que considero que exigem nossa reflexão e ação imediata e futura.

Primeiro, saliento o papel das universidades na geração de conhecimento que responda aos desafios atuais do mundo. Vivemos tempos turbulentos, marcados por guerras, genocídios, discriminação, conflitos geracionais, novas formas de exercer trabalho, aquecimento global com todas as catástrofes associadas, etc.  Todas estes fatores definem-se como desafios a quem visa gerar conhecimento e formar aqueles que agirão no futuro.

Tenhamos em conta o cenário global onde a violência e guerra, a injustiça diária repetitiva parecem dominar. Onde em vários pontos do globo, com especial destaque para Gaza, se matam crianças sem pudor, ao mesmo tempo que se desenvolvem sistemas de autojustificação desse comportamento que parecem ser impavidamente aceites na nossa sociedade.

Estes contextos não são um mero pano de fundo da nossa atividade de docência e investigação com vista à intervenção. Cabe à academia o papel de ativamente gerar novas formas de pensar e de intervir as situações mais desafiantes da humanidade. É nossa responsabilidade produzir e disseminar conhecimento que não apenas analise as causas dessas crises, mas que também proponha soluções viáveis e justas. O fato de não sermos nós a ser capazes de mudar o mundo, não significa que nos possamos abster de contribuir para tal, correndo o risco de sermos coniventes com a mesma.

Ao longo da história temos exemplos de vários psicólogos e pensadores que chamaram a si a responsabilidade de pensar as ditaduras e ações genocidas, ajudando-nos a estudar e analisar ações concretas na atualidade. Sendo vários os exemplos, relembro a todos nomes como, Stanley Milgram, Hannah Arendt, Erich Fromm e Theodor Adorno.

Stanley Milgram, o psicólogo social retrado no filme O experimento, que nos elucidou como pessoas vulgares, não necessariamente monstros, aceitam a obediência a autoridades, mesmo quando têm de agir ações que elas próprias consideram desumanas.

Trabalhos na linha do pensamento de Hannah Arendt, a filósofa que nos chamou  a atenção para “a banalidade do mal”, ao se aperceber que quem é percebido como um “monstro” sem humanidade é apenas um ser humano que se coloca no papel de um mero burocrata, executor de ordens, e  se inibe de pensar eticamente por si próprio e encontrar uma forma de agir de forma diferente ao que lhe é incumbido pelo seu papel. Hanna Arendt parece estar a descrever o mundo de hoje onde agimos o papel de meros observadores da desumanização,  não agindo de forma diferente por falta de empenhamento, por autoproteção,  ou por outra qualquer razão que é facilmente autojustificada.

Acrescem a estes os trabalhos de Erich Fromm, o psicanalista alemão que abordou os fatores que permitem a ascensão de regimes totalitários, e no seu trabalho O Medo à Liberdade, discute como a alienação e a insegurança podem levar indivíduos a buscar liderança autoritária, contribuindo para a aceitação de práticas genocidas.

Saliento, por último, os trabalhos do psicólogo Theodor Adorno, que focou o impacto de um estilo pedagógico autoritário e repressivo nas dificuldades de emancipação de crianças e jovens. Os seus trabalhos demonstram como a falta de uma identidade autónoma leva os indivíduos a deslocarem a sua crítica para quem é desprovido de poder, como o são as minorias de todos os tipos, e onde hoje se destacam os emigrantes (o chamado scapegoating effect).  São também as vítimas destes estilos pedagógicos opressivos que tendo uma baixa autoestima acabam por desenvolver uma personalidade autoritária, empenhada na manutenção do status quo. Segundo Adorno estas personalidades facilitam a emergência de regimes protofascistas e populistas.

Estes são exemplos de investigadores e pensadores do passado, aos ombros dos quais uma universidade com princípios humanistas como o Ispa tem de pensar os acontecimentos atuais. Cabe-nos o papel de agir e formar as gerações futuras, no inconformismo que gera investigação teórica e empírica passível de nos orientar para um futuro melhor.

Desejo que os nossos princípios não nos deixem ser meros observadores passivos.

………………………

Em segundo lugar, saliento o que parece ser já um tópico familiar e de rotina, mas que não o deve ser; o do impacto da inteligência artificial nas nossas vidas e na produção do conhecimento.

Já todos sabemos e papagueamos que a ascensão das tecnologias digitais e da IA traz consigo tanto oportunidades quanto desafios. Temos nos últimos anos, quer professores, alunos e investigadores, procurado potencializar a nossa capacidade de aprender e inovar com algumas das ferramentas da IA.  Em privado vamos referindo questões éticas e preocupações psicológicas. Referimos como a emergência da IA nos cria incerteza, pode contribuir para a infantilização do ser humano por este deixar de enfrentar as pequenas dificuldades desejáveis ao desenvolvimento da sua própria inteligência… referimos que a IA pode desmotivar o pensamento critico e a aprendizagem, dado que a máquina sabe e faz por nós. E quem está atento percebe os impactos psicológicos que estas situações criam, havendo quem esteja ansioso ou mesmo quem ache que estamos a caminho do fim de humanidade.

A universidade deve ser um espaço de debate crítico, onde questionamos não apenas como utilizamos essas ferramentas, mas também como elas moldam a nossa compreensão do mundo. E numa escola com formação histórica em psicologia, devemos ter um espaço que pensa as ameaças, ansiedades e temores que a IA estabelece para o individuo e suas relações. Neste sentido os colegas internacionais já têm desenvolvido alguma teoria e investigação. Já temos disponíveis escalas que medem a ansiedade com IA (AIAS; Wang & Wang, 2022), referências de estudos que abordam as atitudes face a IA e de como estas são moldadas pelos filmes de ficção, entre outros.

Devemos formar profissionais que não só dominem as tecnologias de IA, mas que também que as pensem em termos críticos, salientando não apenas a sua ética, mas as consequências psicológicas, num futuro próximo. Convém pensar antes de lá chegar, de forma a formarmos técnicos capazes de navegar as complexidades do nosso tempo.

A universidade, por definição, não observa de forma passiva o mundo, mas está à frente da sua mudança. E nesse sentido apelo a que o Ispa se distinga por pensar a nova relação homem-máquina, quando ambos se igualam ou se re-balançam ao nível de inteligência, em todas as suas consequências sociais e psicológicas.

Apelo igualmente a toda a comunidade académica e não académica do ISPA, para que não sejamos os elementos passivos que Milgram identificou nos seus estudos, mas pessoas que procuram ativamente a mudança, abrindo a voz contra o horror das guerras atuais e principalmente a acabar com o atual genocídio em Gaza.

Todos nós sabemos, que apenas juntos, podemos fazer a diferença.

Desejos de um excelente ano letivo a todos!


Conheça os últimos artigos publicados.

Albuquerque, S., Pennetta, G., Coelho, A., Pinto, R. J., & Delalibera, M. (2024). Navigating grief in unprecedented times: Risk factors in the wake of pandemic loss and end-of-life care. Psychology, Health and Medicine. https://doi.org/10.1080/13548506.2024.2417312

Batista, J., Albuquerque, S., Delalibera, M., Oliveira, J. T., & Coelho, A. (2024). Does meaning-making mediate COVID-19 restrictions’ Impact on grief and psychological symptoms? Omega (United States). https://doi.org/10.1177/00302228241292388

Brites, R., Brandão, T., Nunes, O., Hipólito, J., & Pires, C. T. (2024). The impact of caregiving on informal caregivers of people with dementia: Family functioning, burden, and burnout. Journal of Clinical Psychology in Medical Settings. https://doi.org/10.1007/s10880-024-10052-2

Budniok, S., Bakermans-Kranenburg, M., & Bosmans, G. (2024). The moderating role of oxytocin in the association between parental support and change in secure attachment development. Journal of Early Adolescence. https://doi.org/10.1177/02724316241296180

Cerqueira, A., Guedes, F. B., Gaspar, T., Godeau, E., Simões, C., & de Matos, M. G. (2024). Psychosocial factors and quality of life of portuguese adolescents with chronic conditions – Increased risk for victims of bullying. Continuity in Education, 5(1), 128–141. https://doi.org/10.5334/cie.131

Duncan, D. H., van Moorselaar, D., & Theeuwes, J. (2024). Visual statistical learning requires attention. Psychonomic Bulletin and Review. https://doi.org/10.3758/s13423-024-02605-1

Falckenthal, B., Figueiredo, C., Palma-Moreira, A., & Au-Yong-Oliveira, M. (2024). Unretirement: Motivational factors among financially independent seniors and their potential to contribute to organizational productivity, knowledge transfer and corporate resilience. Administrative Sciences, 14(10). https://doi.org/10.3390/admsci14100265

Fernandes-Jesus, M., Cecconi, A., Esposito, F., Vargas-Moniz, M., & Albanesi, C. (2024). Socio-psychological perspectives on climate-related migration: A systematic review and research agenda. Community Psychology in Global Perspective., 10(2), 156–190. https://doi.org/10.1285/i24212113v10i2-2p156

Ferreira, A., Santos, S., Silva, G., & Baylina, N. (2024). Deep dive into noninvasive biometrics: A pilot journey using stereo-video in a public aquarium. Zoo Biology. https://doi.org/10.1002/zoo.21875

Gonzalez, A.-J., Lima, M. P. D., Preto, L., & Martins, P. (2024). Psychotherapeutic playback theatre, well-being, and psychological distress: An impact study. International Journal of Environmental Research and Public Health, 21(10). https://doi.org/10.3390/ijerph21101288

Justo-Henriques, S. I., Pérez-Sáez, E., Carvalho, J. O., Lemos, R., & Ribeiro, Ó. (2024). Effects of an individual cognitive stimulation intervention on global cognition, memory, and executive function in older adults with mild to moderate Alzheimer’s disease. Clinical Neuropsychologist. https://doi.org/10.1080/13854046.2024.2416568

Leite, Â., & Marôco, J. (2024). Inconsistencies between internet usage and climate change awareness. Sustainability and Climate Change, 17(5), 342–357. https://doi.org/10.1089/scc.2024.0117

Raimundo, M., Cerqueira, A., Gaspar, T., & Gaspar de Matos, M. (2024). An overview of health-promoting programs and healthy lifestyles for adolescents and young people: A scoping review. Healthcare (Switzerland), 12(20). https://doi.org/10.3390/healthcare12202094

Santos, A. F., Fernandes, C., Fernandes, M., Bost, K. K., & Veríssimo, M. (2025). Attachment, feeling, and feeding: Associations between caregivers’ attachment, emotional and feeding responsiveness, and children’s food consumption. Appetite, 204. https://doi.org/10.1016/j.appet.2024.107729

Sebastião, R., & Neto, D. D. (2024). Longitudinal association of stress with mental health in the context of COVID-19: The mediating role of psychological flexibility and emotional schemas. Applied Psychology: Health and Well-Being. https://doi.org/10.1111/aphw.12614

Sharif-Nia, H., Alikari, V., Marôco, J., Fatehi, R., Hoseinzadeh, E., & Nowrozi, P. (2024). Psychometric properties of the Greek simplified medication adherence questionnaire among Iranian hemodialysis patients. Scientific Reports, 14(1). https://doi.org/10.1038/s41598-024-80134-6

Silva, B. N. S., Campos, L. A., Martins, B. G., Marôco, J., Peltomäki, T., & Campos, J. A. D. B. (2024). Measuring concern about smile appearance among adults. European Journal of Orthodontics, 46(6). https://doi.org/10.1093/ejo/cjae053

Silva, C. C., Presseau, J., van Allen, Z., Disnmore, J., Schenk, P., Moreto, M., & Marques, M. M. (2024). Components of multiple health behaviour change interventions for patients with chronic conditions: A systematic review and meta-regression of randomized trials. Health Psychology Review. https://doi.org/10.1080/17437199.2024.2413871

Silva, I. M., Jesus, N., Castro, J., & Luís, A. R. (2024). The effects of vessel traffic on the behavior patterns of common dolphins in the Tagus estuary (Portugal). Animals, 14(20). https://doi.org/10.3390/ani14202998

Starreveld, K. M., Overbeek, M. M., Willemen, A. M., & Bakermans-Kranenburg, M. J. (2024). Video-feedback intervention to promote positive parenting and sensitive discipline in early elementary education (VIPP-School): A randomized controlled trial. Attachment and Human Development. https://doi.org/10.1080/14616734.2024.2419621

von Humboldt, S. (2024). Still out or coming in? Shame and double stigmatization among old LGBTQIA+ adults. In Shame and Ageing in a Transforming World. https://doi.org/10.1007/978-3-031-54585-6_5

von Humboldt, S., Miguel, I., Low, G., & Leal, I. (2024). Patterns of sexuality, adjustment to aging and satisfaction with life: a cluster analysis of adults across the lifespan. Applied Research in Quality of Life. https://doi.org/10.1007/s11482-024-10394-x

 

Fonte: Centro de Documentação do Ispa | SCOPUS

Carlos Lopes / Patrícia Santos

Miragens II - 4, 11 e 18 de dezembro, às 20h -Ispa, dISPAr Teatro.

Miragens II: dISPAr Teatro apresenta sequela da peça “Miragens”

O Ginásio do Ispa será o palco da apresentação de “Miragens II” nos dias 4, 11 e 18 de dezembro, às 20h. A produção original do dISPAr Teatro, que foi um sucesso no ano letivo anterior, regressa sob a encenação de Carlos Nicolau Antunes. O espetáculo conta com um elenco talentoso e música ao vivo. “Miragens II” oferece uma jornada entre o real e o surreal, propondo ao público uma exploração profunda da dualidade entre o absurdo e a poesia no quotidiano humano. A entrada é livre, sujeita a reserva prévia.

04 de dezembro | 20h00 | Ginásio do Ispa – Instituto Universitário | Por inscrição

Mais informações

LGBTQuê?

O Ispa-Instituto Universitário será o palco do evento “LGBTQuê?”, promovido pelo Núcleo isPRIDE, que promete criar um espaço inclusivo de diálogo e aprendizagem sobre sexualidade e literacia em saúde sexual. Com início às 9h, a programação diversificada inclui mesas-redondas, workshops e debates que abordam temas cruciais como educação sexual, igualdade de género e direitos LGBTQI+, promovendo a reflexão e a construção de conhecimento.

Aberto à comunidade académica e ao público em geral, o evento é gratuito, sujeito à lotação do espaço, com prioridade de entrada para os membros do Ispa. Uma oportunidade única para promover a inclusão, o respeito e a diversidade.

04 de dezembro | 09h00 | Sala de Atos do Ispa – Instituto Universitário | Por inscrição

Mais informações

No próximo dia 9 de dexembro, às 17h30, o Ispa - Instituto Universitário recebe a sessão "Compreender e analisar a experiência do Consumidor (CX): Atitudes, comportamentos e relação com as marcas à luz da Psicologia Social".

Conferência | Compreender e analisar a experiência do Consumidor (CX): Atitudes, comportamentos e relação com as marcas à luz da Psicologia Social

O Ispa – Instituto Universitário prepara-se para receber uma conferência que irá explorar como a Psicologia Social ajuda a compreender as atitudes, comportamentos e experiências do consumidor (CX). Integrada no ciclo “Novas Profissões em Ciências Cognitivas e do Comportamento”, a sessão realiza-se no próximo dia 9 de dezembro, às 17h30, e será conduzida por Joana Mello, especialista com mais de uma década de experiência em Estudos de Mercado e investigação científica. Atualmente à frente da área de Customer Insights na Marley Spoon, Joana partilhará perspetivas únicas sobre o impacto das marcas nas escolhas e experiências dos consumidores.

09 de dezembro | 17h30 | Sala de Atos do Ispa – Instituto Universitário | Entrada Livre

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Conferência | How is social inequality reproduced by grade retention? Examining implicit bias among teachers

O Ispa – Instituto Universitário recebe Timo Van Canegem, investigador em Sociologia na Universidade de Ghent e formador na Vrije Universiteit Brussel, para uma conferência que desafia a refletir sobre como a retenção escolar contribui para a reprodução das desigualdades sociais. Com o tema “How is social inequality reproduced by grade retention? Examining implicit bias among teachers”, a sessão integra o Ciclo de Conferências da instituição e acontecerá no dia 17 de dezembro, às 17h30. A entrada é livre e aberta ao público, uma oportunidade para um olhar crítico sobre o papel dos professores no sistema educativo.

17 de dezembro | 17h30 | Sala de Atos do Ispa – Instituto Universitário | Entrada Livre

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O enriquecimento ambiental é uma prática que melhora o bem-estar dos animais, proporcionando estímulos físicos e mentais. Estas práticas previnem o tédio e reduzem comportamentos indesejados.

A pós-graduação em Promoção do Bem-Estar Animal apresenta técnicas de enriquecimento ambiental que podem ser aplicadas em diferentes contextos, como zoológicos e oceanários. 🧩🐶

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Especialistas de renome mundial reúnem-se no Ispa para debater novas abordagens na Prevenção do Crime

A 4 de novembro, o Ispa – Instituto Universitário acolheu a “International Conference on Developmental and Life-course Criminology”, uma conferência que trouxe ao centro do debate a criminologia desenvolvimental e a sua aplicação em políticas de prevenção ao crime.

Sob o tema “Bringing Developmental Criminology to the Core of Crime Prevention Policies”, o evento reuniu especialistas de vários países para discutir como fatores de risco e vulnerabilidade, como parentalidade disfuncional e baixo rendimento escolar, podem influenciar trajetórias de comportamento criminal e moldar estratégias eficazes de prevenção.

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Sessão Solene marca início do ano letivo 2024/2025 e reafirma compromisso do Ispa com a excelência

O Auditório Armando de Castro foi palco da Sessão Solene de Abertura do Ano Letivo 2024/2025 do Ispa – Instituto Universitário, um evento que reuniu alumni, docentes, técnicos e estudantes num ambiente de grande entusiasmo e celebração. A cerimónia, conduzida pela Diretora Executiva, Dr.ª Catarina Rodrigues, contou com um discurso inaugural inspirador da Reitora do Ispa, Professora Doutora Isabel Leal, que revisitou seis décadas de história da instituição, sublinhando os marcos mais relevantes e apelando à importância da adaptação contínua. A Reitora enfatizou a capacidade do Ispa em responder aos desafios contemporâneos, uma característica que, segundo ela, assegura a relevância e longevidade da instituição.

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Faleceu a Professora Maria Emília Marques, uma referência incontornável da Psicologia em Portugal

O Ispa – Instituto Universitário comunica, com profunda tristeza, o falecimento da Professora Maria Emília Marques, uma figura central na história da Psicologia em Portugal. Com uma carreira de mais de quatro décadas, Maria Emília Marques foi docente, investigadora e uma pensadora ousada, deixando uma marca indelével na ciência, no ensino e na prática clínica.

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O Serviço de Candidaturas & Atendimento Académico tem como objetivo um contacto mais próximo e facilitado com os seus estudantes e candidatos, gerindo vários canais de atendimento, nomeadamente atendimento remoto.

Podem contactar-nos através de:
candidaturas@ispa.pt | sa@ispa.pt
Atendimento +351 218 811 700 (opção 1 e 2)
Segunda a sexta-feira 09h00 às 13h00 e 14h30 às 18h00
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