Ispa N1 Minuto | Newsletter #43 – Julho 2024

Um ano de Conquistas e Novos Horizontes

Miguel Roque Dias, Gestor de Comunicação do Ispa – Instituto Universitário

Ao concluir mais um escolar, refletimos sobre os eventos e realizações que nos marcaram. Desde setembro de 2023, testemunhámos momentos que reforçam a nossa missão e impacto.

Destacamos a atribuição do Doutoramento Honoris Causa a Maria Belo. Esta distinção celebra o seu percurso na psicologia e defesa dos direitos das mulheres, alinhando-se com os valores do Ispa.

Outro marco foi a eleição do Professor Rui Oliveira como membro da EMBO. Este reconhecimento sublinha a qualidade das nossas investigações em biologia e neurociências, fortalecendo a nossa posição na comunidade científica internacional.

Organizámos o congresso da International Society for the Study of Behavioural Development, reunindo mais de 1500 especialistas de todo o globo em Lisboa. Este evento promoveu debates e a troca de conhecimentos essenciais para o avanço científico.

À medida que nos preparamos para os desafios futuros, continuaremos a investir na qualidade do ensino e na inovação. Este período de pausa traz descanso e renovação, preparando-nos para mais um ano que será coroado de êxitos.

Boas férias!

Sara Malhoa, de 37 anos, é natural de Caldas da Rainha, onde cresceu até aos 18 anos antes de se mudar para Lisboa para estudar no Ispa, onde se formou em Psicologia Clínica. Casada e mãe de uma filha de seis anos, aguarda a chegada da segunda filha. Profundamente dedicada à sua profissão, Sara afirma: “Fascina-me o ser humano, aprofundar o outro, a intersubjetividade.” Após regressar à sua cidade natal, fundou o serviço de Psicologia na Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE), que se tornou uma referência nacional. Além da psicologia, encontra prazer em cozinhar e organizar eventos.

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Nome completo:

Sara Margarida de Carvalho Malhoa.

 

Idade:

37 anos

 

Situação familiar:

Casada, com uma filha de 6 anos e outra a chegar.

 

Local de nascimento:

Caldas da Rainha.

 

Foi aí que cresceu:

Sim, aqui cresci até aos 18 anos, altura em que entrei para o Ispa e fui viver para Lisboa. Quando terminei, voltei um ano para casa dos pais, já a trabalhar para juntar um pezinho de meia e aos 24 anos comprei o meu primeiro apartamento, também em Caldas. Faz-me sentido viver aqui e com as facilidades de acesso rapidamente chego a qualquer lado.

 

Se pudesse reviver algo da sua infância, o que seria?

Sempre quis ser grande e trabalhar. Não sou nostálgica. Gosto de sentir o tempo a passar e olhar para a frente, não para trás.

 

Lugar preferido?

A minha casa, o meu sofá, o aconchego dos meus.

 

 

Tem algum passatempo? E “mania”?

Gosto muito de cozinhar com o meu marido, de fazer bolos, de receber em casa, de preparar uma festa ao pormenor, desde os convites, à decoração, sempre munida de listas de tarefas para nada falhar (acredito que seja esta a mania).

 

Uma coisa que faz melhor do que ninguém?

Escutar. Acolher.

 

O que a fascina?

Fascina-me o ser humano, aprofundar o outro, a intersubjetividade. Gosto de descobrir pessoas diferentes, contextos diferentes, experiências diferentes. Sinto que enriqueço com a diversidade de pessoas que cruzam na minha vida. Não gosto de vidas superficiais. Entusiasma-me a novidade, a vontade, o brilho no olhar.

 

O que os outros gostam em si?

Acredito que seja o facto de ser bem-disposta e muito comunicativa. De estar sempre pronta a colaborar no que for preciso.

 

E o que gostam menos?

O brilho do outro ofusca… Isso nem sempre é bem visto. É mais fácil criticar do que trabalhar para alcançar.

 

O que queria ser quando era pequena?

Sempre quis ser psicóloga! Queria fazer a diferença na vida do outro.

 

Como foi a sua formação e porque escolheu essa área?

Fiz Psicologia Clínica, depois especializei-me em Psicologia do Desporto, por começar a trabalhar com atletas e sentir necessidade de aprofundar esta área. Em paralelo, dou formação e também já investi bastante neste domínio, fazendo todos os cursos disponíveis para aperfeiçoar as minhas competências (formador, e-formador, tutor e moderador de grupos de formação, coordenação pedagógica, etc.).

 

Foi influenciada pelos seus pais ou familiares, nesta escolha?

Não. Até porque na altura se falava que este curso podia não ter muita saída. Não foi o caso, sempre tive bastante trabalho na área desde o início. Acredito que aos bons, aos que se empenham, nunca falta trabalho.

 

Como é que iniciou a sua carreira profissional, e como foi esta correndo?

Sempre trabalhei. Enquanto estudei dava explicações. Quando terminei, em 2009, arrendei o meu primeiro consultório, na minha cidade. Queria voltar ao sítio onde cresci e devolver à minha terra o que adquiri fora. Tem sido uma aposta ganha! Sempre dei formação em paralelo, numas fases a tempo inteiro, noutras como complemento de horário. Passei por Serviços de Psicologia e Orientação de algumas escolas até que cheguei à Câmara Municipal de Rio Maior para um programa de promoção das pré-competências de leitura e escrita no pré-escolar. Como tinha alguma disponibilidade no horário, foi convidada a acompanhar os atletas da Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola. Ali fundei o serviço de Psicologia, em 2018, que foi disseminado pelas escolas da rede. Neste momento o serviço está forte e robusto, presente em 25 escolas nacionais, seguindo um modelo de intervenção transversal, que muito me orgulha.

 

Como chegou ao Ispa?

Conheci o Ispa através da revista Fórum Estudante, que chegava à minha escola. Só concorri para o Ispa, pois era exatamente ali que gostava de estudar o que julgava ser a minha vocação.

 

Qual o maior orgulho, em termos profissionais?

O crescimento do serviço de Psicologia UAARE que é hoje uma referência a nível nacional. A equipa coesa, empenhada e de alto desempenho com quem tenho o gosto de partilhar esta paixão pela conciliação de carreira desportiva e académica.

 

Qual foi o maior obstáculo profissional que enfrentou?

A precariedade da situação profissional dos psicólogos no Ministério da Educação. Os contratos terminam a 31 de agosto e todos os anos, por esta altura, instala-se a incerteza, prejudicial para a vida dos psicólogos e para o serviço. A 1 de setembro uns são reconduzidos, outros lugares têm de abrir concurso e demora até termos a equipa toda pronta a funcionar, o que tem atrasado sempre o início do ano letivo. A inexistência de progressão na carreira também é um assunto difícil. Não é compreensível nem admissível que um psicólogo com 15 anos de experiência, eternamente contratado, ganhe o mesmo que um recém-formado. Estes factos tornam esta profissão, infelizmente, menos apetecível.

 

O que mais a motiva, profissionalmente?

Motiva-me a diferença e o crescimento pessoal que vejo nos meus pacientes e nos meus atletas no decurso do acompanhamento, de sessão para sessão. Motiva-me a semente que deixo naquela pessoa e vê-la germinar. Motiva-me um paciente que volta anos mais tarde e recorda passagens das sessões que fizeram a diferença na sua vivência. É sinal de que vale a pena!

 

Se tivesse sido algo completamente diferente, o que teria sido?

Acredito que Direito tivesse sido uma boa possibilidade. Numa via completamente diferente, gostava de ter tempo para me dedicar à pastelaria, ao cake design. Um dia vai acontecer!

 

Tem sonhos?

Voltei a estudar tantos anos depois com o sonho de terminar a “carreira académica”. Fazer o doutoramento era um sonho de vida. Está entregue, aguardo data de defesa. Como dou formação há muitos anos e é uma área de que gosto imenso, gostava muito de dar aulas no ensino superior.

 

Gostava de voltar a estudar?

Neste momento não, depois de quatro anos com o doutoramento vou fazer uma pausa e dedicar-me mais à minha família e à minha carreira.

 

Último livro que leu?

“A Breve Vida das Flores”, de Valérie Perrin.

 

Filme preferido?

Vai ser sempre o Titanic, mesmo visto pela 30.ª vez.

 

Imagem preferida?

Eu, o meu marido e as minhas filhas a caminharmos de mãos dadas, num dia de sol.

 

O que é ser do Ispa?

É ser diferente, é uma comunidade à qual tenho orgulho em pertencer e gosto de o referir.

 

Que pergunta gostava que lhe fizessem?

Queres vir dar aulas para o Ispa? 😀

Dispositivos digitais e cognição: uma breve revisão sobre prós e contras

Raquel Lemos, Professora do Ispa – Instituto Universitário

A utilização de dispositivos digitais tornou-se uma parte integral da vida moderna. Quantos de nós se imaginam, nos tempos atuais, a passar um dia sem telemóvel ou sem aceder ao Google? Os mais saudosistas, que viveram numa era sem estas ferramentas, recordam com alguma nostalgia um tempo porventura mais “livre”; já os mais jovens, geração da era digital, terão certamente dificuldade em equacionar tal possibilidade. Mas, se por um lado todos reconhecemos no imediato as vantagens de termos um dispositivo que nos lembra uma reunião e que nos permite procurar uma resposta para uma questão que debatemos num grupo de amigos, que impacto podem ter os dispositivos digitais no nosso funcionamento cognitivo?

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Comecemos por rever alguns dos efeitos negativos:

Atenção: esta é uma função cognitiva significativamente impactada, como facilmente imaginamos. A exposição constante a notificações e a necessidade de mudar frequentemente o foco de atenção prejudicam a capacidade de atenção sustentada ou concentração, tal como mostraram Lui & Wong (2012) ao confirmar que participantes que utilizavam smartphones mais frequentemente tinham períodos de atenção mais curtos, quando comparados aos que os usavam com menos frequência. A capacidade de manter a atenção em tarefas prolongadas ou complexas pode ser prejudicada, levando a uma redução do desempenho cognitivo.

Memória: o fenómeno “efeito Google” ou a externalização da memória a que todos recorremos para procurar uma resposta rápida ou para sermos lembrados de um compromisso em três horas, resolve um problema no imediato, mas enfraquece a memória de longo prazo uma vez que o cérebro não é estimulado a reter informações. A facilidade de acesso à informação pode reduzir a necessidade de memorizar, afetando a capacidade de retenção de informações como demonstraram Sparrow, Liu, & Wegner (2011). Ademais, a utilização excessiva de GPS mostrou também prejudicar a memória espacial (Dahmani & Bohbot, 2020).

Tomada de decisão: A velocidade com que a informação é apresentada e consumida online pode levar a que o seu processamento ocorra de forma mais superficial, levando a um compromisso na capacidade de análise e de reflexão crítica. O uso excessivo de dispositivos digitais pode levar a sobrecarga cognitiva, que ocorre quando a quantidade de dados excede a capacidade cerebral para o seu processamento. Junco & Cotten (2012) mostraram que participantes que passavam mais tempo em redes sociais revelavam um nível mais elevado de sobrecarga cognitiva, levando a uma diminuição na sua capacidade de tomar decisões.

E quais serão então os potencias benefícios?

Apesar das limitações reportadas, os dispositivos digitais também oferecem benefícios.

O recurso às novas tecnologias tem permitido o desenvolvimento de aplicações de treino cognitivo e de jogos que visam a estimulação das funções cognitivas. A sua utilização pode ser lúdica ou ainda para fins de intervenção clínica. Em populações mais velhas, a utilização de plataformas digitais, mais concretamente de redes sociais, permite também uma melhoria do suporte social e está associada a uma redução da solidão (Cotten e col., 2014).

Em suma, embora existam preocupações legítimas sobre os efeitos negativos dos dispositivos digitais, também existem benefícios, especialmente quando estes são utilizados de forma equilibrada e consciente. O segredo está em encontrar um equilíbrio que permita aproveitar as vantagens dos dispositivos digitais enquanto se minimizam os riscos associados ao seu uso excessivo.

Referências:

Cotten, S. R., Ford, G., Ford, S., & Hale, T. M. (2014). Internet use and depression among retired older adults in the United States: A longitudinal analysis. Journals of Gerontology Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 69(5), 763-771.

Dahmani, L., & Bohbot, V. D. (2020). Habitual use of GPS negatively impacts spatial memory during self-guided navigation. Scientific reports, 10(1), 6310.

Junco, R., & Cotten, S. R. (2012). No A 4 U: The relationship between multitasking and academic performance. Computers & Education, 59(2), 505-514.

Lui, K. F., & Wong, A. C. N. (2012). Does media multitasking always hurt? A positive correlation between multitasking and multisensory integration. Psychonomic bulletin & review, 19, 647-653.

Sparrow, B., Liu, J., & Wegner, D. M. (2011). Google effects on memory: Cognitive consequences of having information at our fingertips. Science, 333(6043), 776-778.

2º Congresso Internacional para a Investigação em Psicologia Escolar e da Educação

O Ispa – Instituto Universitário será o anfitrião do 2º Congresso Internacional para a Investigação em Psicologia Escolar e da Educação (CIIPEE), de 27 a 28 de setembro de 2024. Este evento, realizado em colaboração com a ADIPSIEDUC e a Universidade de Brasília, visa promover o desenvolvimento sustentável na área da Psicologia e Educação. O congresso será híbrido, com quatro eventos associados, e destina-se a profissionais e estudantes das áreas de Psicologia e Educação. Para mais informações e aquisição de bilhetes, visite o nosso site.

27 a 28 setembro | Ispa – Instituto Universitário

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Na era da informação, a comunicação eficaz da ciência surge como uma capacidade indispensável para a transmissão do conhecimento científico. 

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Rui Oliveira eleito membro da EMBO

O Professor Rui Oliveira, Catedrático de Biologia e Neurociências no Ispa – Instituto Universitário e investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência, foi recentemente eleito Membro da Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO). Esta distinção reconhece o seu notável contributo científico na área da neurobiologia do comportamento e cognição animal. Rui Oliveira é um dos quatro investigadores portugueses a serem eleitos este ano, juntando-se a uma prestigiada comunidade de mais de dois mil cientistas. A sua investigação foca-se nos mecanismos biológicos do comportamento social, utilizando o peixe-zebra como modelo de estudo.

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Ispa atribui Doutoramento Honoris Causa a Maria Belo

O Ispa – Instituto Universitário atribuiu o título de Doutora Honoris Causa a Maria Belo, reconhecida psicóloga e psicanalista, na quarta-feira, 10 de julho de 2024. Maria Belo, conhecida pela sua intervenção política e cívica, foi eurodeputada pelo Partido Socialista e defensora fervorosa dos direitos das mulheres, incluindo a despenalização do aborto em Portugal. Com uma carreira notável na Psicologia e Psicanálise, Belo também fundou importantes instituições nesta área. A homenagem, proposta pelo Professor José H. Ornelas, destaca o impacto significativo de Maria Belo na sociedade e na academia.

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O Serviço de Candidaturas & Atendimento Académico tem como objetivo um contacto mais próximo e facilitado com os seus estudantes e candidatos, gerindo vários canais de atendimento, nomeadamente atendimento remoto.

Podem contactar-nos através de:
candidaturas@ispa.pt | sa@ispa.pt
Atendimento +351 218 811 700 (opção 1 e 2)
Segunda a sexta-feira 09h00 às 13h00 e 14h30 às 18h00
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