Ispa N1 Minuto | Newsletter #36 – Dezembro 2023

Desembrulhar empatia

Marília Fernandes, Professora do Ispa – Instituto Universitário

Gosto de pensar que somos naturalmente empáticos, que é fácil colocarmo-nos no lugar do outro, “put yourself in someone else’s shoes”. Que facilmente conseguimos perceber como se sente, perceber o que poderá ter levado a sentir-se assim, e gosto especialmente de sentir que sei o que fazer perante o sentimento do outro. E assim parece que está tudo bem e parece mesmo Natal…

Mas, pelo caminho não olhei (ou desviei o olhar), umas vezes deliberadamente, outras tantas sem dar conta. Das vezes em que vi – umas porque olhei, outras porque algo me fez olhar – nem sempre consegui ler, nem sempre gostei do que senti, nem sempre soube o que fazer… Também houve aquelas em que achei que o que podia fazer não seria bem aceite, ou que não faria diferença. 

Contudo, as vezes em que vi, em que percebi e das quais fiz parte, são as que guardo comigo e que me fazem pensar como é simples ser empático…

… aproveitando a época natalícia, coloquemo-nos no “sapatinho” de alguém. Vamos ver e ouvir atentamente sem julgar. Praticar pequenos gestos de empatia e inspirar os outros a fazerem o mesmo.

Fernando Augusto Vieira iniciou o seu percurso profissional em 1988 no então Banco Espírito Santo, na área de Mercados Financeiros. Após esta experiência, de dois anos, abraçou uma nova experiência no Banco Totta e Açores na área de Recursos Humanos desempenhando tarefas diversas nomeadamente de recrutamento, seleção, desenvolvimento, formação, reorganização e estratégia e modelos de negócio.

Em 1997, assumiu a responsabilidade da área de formação e desenvolvimento de três bancos inseridos no universo do Grupo Mundial Confiança (BTA, CPP e BPSM).

Em 2000, entra no universo Santander tendo passado a coordenar três bancos na vertente de formação, desenvolvimento e talento (BTA, CPP e Santander Portugal)

Atualmente, é Gestor de Talento, Desenvolvimento e Diversidade & Inclusão no Banco Santander. Tem participado em muitos e diversos projetos a nível global no Grupo Santander (o qual engloba perto de 200 mil colaboradores.)

Recorda a passagem pelo Ispa como “uma etapa da vida a que me agarro com saudades e alegria”.

Continuar a Ler

Nome completo
Fernando Augusto Vieira.

Idade
62 anos.

Situação familiar
Casado e com dois filhos.

Local de nascimento?
Lajeosa do Dão, Tondela.

Foi aí que cresceu?
Sim, até aos dois anos, depois vim viver para Lisboa com os meus pais.

Se pudesse reviver algo da sua infância, o que seria?
As férias de verão, na terra natal.

Lugar preferido?
Lisboa.

Tem algum passatempo? E “mania”?
Caminhos de Santiago (fiz o Caminho português e o francês).

Uma coisa que faz melhor do que ninguém?
Desenvolver pessoas.

O que o fascina?
A vida; os sentimentos.

O que os outros gostam em si?
Abertura, proximidade, empatia, suporte.

E o que gostam menos?
Sou persistente.

O que queria ser quando era pequeno?
Engenheiro.

Como foi a sua formação e porque escolheu essa área?
A curiosidade pela vida, pelos comportamentos, pela diversidade e, também, o facto de ter trabalhado num hospital impulsionaram-me de forma muito evidente para a psicologia.

O curso foi efetuado na totalidade à noite permitindo-me trabalhar durante o dia por forma a financiar os estudos. Após o 3º ano escolhi a vertente de Psicologia Social e Organizacional. A minha tese centrou-se nos “fatores comportamentais de risco de contração de enfarte de miocárdio”.

Foi influenciado pelos seus pais ou familiares, nesta escolha?
A escolha foi somente minha.

Como é que iniciou a sua carreira profissional, e como foi esta decorrendo?
Após a conclusão do curso, iniciei no mercado financeiro de um Banco (referido mais acima).

Como chegou ao Ispa?
Procura individual.

Qual é o seu maior orgulho, em termos profissionais?
Ter coordenado diversas equipas de formação, talento e desenvolvimento contribuindo para os resultados de forma muito efetiva em todas as empresas em que trabalhei e trabalho.

Qual foi o maior obstáculo profissional que enfrentou?
Todos foram abordados como excelentes desafios de crescimento.

O que mais o motiva, profissionalmente?
Apoiar o desenvolvimento dos outros e das empresas.

Se tivesse sido algo completamente diferente, o que teria sido?
Gestão agrícola.

Tem sonhos?
Muitos mesmo e a minha família está sempre presente nos mesmos.

Gostava de voltar a estudar?
Estou sempre a estudar.

Último livro que leu?
José Luís Peixoto: Almoço de Domingo.

Filme preferido?
Paris Texas.

Música preferida?
Lilac Wine de Jeff Buckley.

Imagem preferida?
A foto dos meus Pais.

O que é ser do Ispa?
Uma etapa da vida a que me agarro com saudades e alegria.

O que gostava que lhe fizessem?
Surpresas.

Não há alternativa (TINA) vs. As pessoas são a alternativa

Sérgio Gaitas, Professor do Ispa – Instituto Universitário

A opção dos especialistas, que centra o diálogo educacional em alcançar pontuações altas em qualquer tabela classificativa, é dececionante. Para além de valorizarem uma visão estreita do sucesso educativo, criam a ilusão de que práticas educativas diversas, em contextos completamente distintos, podem e devem ser comparáveis. Por medo de acabar no final da tabela classificativa, vemos escolas e sistemas educativos transformarem-se na definição de educação que conta, para as mais diversas tabelas, numa corrida desenfreada pela homogeneização.

Continuar a Ler

As escolas estão sob uma pressão implacável para alcançarem padrões de desempenho definidos pela indústria global da medição da educação, liderados por pessoas que nunca entraram numa escola. Tudo isto coloca pressão sobre famílias, escolas, professores e alunos que parecem estar envolvidos numa corrida educacional global. Existe um discurso de pânico sobre a qualidade da educação, que parece impulsionar uma necessidade insaciável para a excelência, orientada por definições, cada vez mais estreitas, do que é valorizado. O resultado, não muito surpreendente, é que a nossa escola é cada vez mais vista como parte do problema e não como parte da solução.

Dewey defendia que as instituições escolares não são algo independente, à margem das sociedades, mas exatamente o contrário: a sua responsabilidade é envolver alunos e professores numa constante investigação e interrogação sobre a realidade em que vivem, dos temas humanos que preocupam em cada momento. Neste contexto, o que pensam alunos e professores?

Leitura, matemática e ciências são os conteúdos-estrela das novas políticas economicistas. Obviamente, são conteúdos indispensáveis, mas devem ser abordados numa perspetiva interdisciplinar se queremos educar pessoas capazes de tomar decisões democráticas fundamentadas. Uma educação genuína precisa entrar em contacto com conteúdos culturais que permitam desenvolver uma compreensão mais racional do mundo em que vivemos, assente em modelos pedagógicos participativos que promovem um pensamento crítico e criativo.

Para melhorar a educação nas sociedades contemporâneas, é crucial olhar para além dos resultados das tabelas classificativas e entender a complexa interação de fatores sociais, económicos e culturais que afetam a educação. Este caminho deve incluir apoio às famílias, envolvimento comunitário e políticas direcionadas à pobreza e desigualdade social, além de reformas educacionais.

Redefinir a educação numa sociedade democrática envolve mudar o nosso foco de um quadro académico estreito e competitivo para uma abordagem mais inclusiva e holística. Ao abraçar esta visão mais ampla da educação, podemos trabalhar para uma sociedade democrática e equitativa. Não podemos continuar a adiar o debate: para que serve a educação?

É crucial alinhar os nossos modelos de avaliação com os nossos valores fundamentais. Ao fazê-lo, podemos garantir que a avaliação serve não apenas como um meio de quantificar a aprendizagem, mas como um processo transformador que nutre indivíduos competentes, empáticos e socialmente responsáveis.

“(…) Antes de mais nada, deviam mas é ensinar-nos a viver uns com os outros. Era isso que devíamos aprender nesta porcaria de escola. A preocuparmo-nos uns com os outros – Em vez de andar cada um a tentar ser melhor e mais forte do que o vizinho e a fazer todo o tipo de sacanices para tirar melhores notas.” (Christiane F. “Os Filhos da Droga”).


Conheça os últimos artigos publicados.

Abra Olivato, J., & Castro Silva, J. (2023). Interdisciplinary teaching practices in STEAM education in Brazil. London Review of Education, 21(1). https://doi.org/10.14324/LRE.21.1.38

Alvarado, M. V, Felip, A., Espigares, F., & Oliveira, R. F. (2023). Unexpected appetitive events promote positive affective state in juvenile European sea bass. Scientific Reports, 13(1). https://doi.org/10.1038/s41598-023-49236-5

Campioni, L., Bolumar Roda, S., Alonso, H., Catry, P., & Granadeiro, J. P. (2023). Colony attendance and moult pattern of Cory’s Shearwaters (Calonectris borealis) differing in breeding status and age. Ibis. https://doi.org/10.1111/ibi.13291

Castro Silva, J., Peixoto, F., Galhoz, A., & Gaitas, S. (2023). Job demands and resources as predictors of well-being in portuguese teachers. European Journal of Teacher Education. https://doi.org/10.1080/02619768.2023.2288552

Donofre, G. S., Campos, J. A. D. B., dos Santos, P. C., Marôco, J., Campos, L. A., & da Silva, W. R. (2023). Social Appearance Anxiety Scale: a psychometric investigation and evaluation of the influence of individual characteristics on social appearance anxiety in Brazilian adults who practice physical exercise. Frontiers in Psychology, 14. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2023.1261605

Fernandez Cunha, M., Coscueta, E. R., Brassesco, M. E., Almada, F., Gonçalves, D., & Pintado, M. (2023). Methods for the Collection of Fish Mucus: A Systematic Review. Reviews in Fisheries Science and Aquaculture. https://doi.org/10.1080/23308249.2023.2289012

Guedes, M., Veríssimo, M., & Santos, A. J. (2023). Perceptions of Portuguese Preschool Teachers and Psychologists about the Acceptability of a New Evidence-Based Universal Intervention Program with Targeted Elements for Inhibited-Withdrawn Behaviors. Evidence-Based Practice in Child and Adolescent Mental Health. https://doi.org/10.1080/23794925.2023.2284138

Junça-Silva, A., & Caetano, A. (2023). Mindfulness Fills in the Blank Spaces Left by Affective Uncertainty Uplifting Adaptive Behaviors. The Spanish Journal of Psychology, 26, e28. https://doi.org/10.1017/SJP.2023.28

Kuepfer, A., Votier, S. C., Sherley, R. B., Ventura, F., Matias, R., Anderson, O., Brickle, P., Arkhipkin, A., & Catry, P. (2023). Prey-switching to fishery discards does not compensate for poor natural foraging conditions in breeding albatross. ICES Journal of Marine Science, 80(9), 2414–2426. https://doi.org/10.1093/icesjms/fsac069

Low, G., França, A. B., Wilson, D. M., Gutman, G., & von Humboldt, S. (2023). Suitability of the Attitudes to Aging Questionnaire Short Form for Use among Adults in Their 50s: A Cross-Sectional e-Survey Study. International Journal of Environmental Research and Public Health, 20(22). https://doi.org/10.3390/ijerph20227035

Neto, D. D., & Silva, A. N. D. (2023). The Mental Health Impacts of a Pandemic: A Multiaxial Conceptual Model for COVID-19. Behavioral Sciences, 13(11). https://doi.org/10.3390/bs13110912

Peixoto, F., Mata, L., Campos, M., Caetano, T., Radišić, J., & Niemivirta, M. (2023). ‘Am I to blame because my child is not motivated to do math?’: Relationships between parents’ attitudes, beliefs and practices towards mathematics and students’ mathematics motivation and achievement. European Journal of Psychology of Education. https://doi.org/10.1007/s10212-023-00774-6

Ribeiro-Gonçalves, J. A., Gouveia-Pereira, M., Carvalho, R. G., Costa, P. A., & Leal, I. (2023). A Life Course Approach on Older Portuguese Gay and Bisexual People: The Multifactorial Development of Sexual Identity. Social Sciences, 12(11). https://doi.org/10.3390/socsci12110615

Runze, J., Bakermans-Kranenburg, M. J., Cecil, C. A. M., van IJzendoorn, M. H., & Pappa, I. (2023). The polygenic and reactive nature of observed parenting. Genes, Brain and Behavior. https://doi.org/10.1111/gbb.12874

Sanches, T., & Chan, E. (2023). Higher Education students’ perceptions towards Information Literacy: a study in Macau. Ibersid, 17(2), 41–48. https://doi.org/10.54886/ibersid.v17i2.4910

Semin, G. R., DePhillips, M., & Gomes, N. (2023). Investigating Inattentional Blindness Through the Lens of Fear Chemosignals. Psychological Science. https://doi.org/10.1177/09567976231213572

Sousa, M., Cunha, O., Gonçalves, R. A., & de Castro-Rodrigues, A. (2023). To Be or Not to Be Empathic: the Role of Empathy in Child Sexual Offending. European Journal on Criminal Policy and Research. https://doi.org/10.1007/s10610-023-09567-5

Tomás, C., & Moreira, A. (2023). Battles of the Soul: Validation of the Scale of Religious and Spiritual Struggles (RSS) for the Portuguese Population. Journal of Religion and Health. https://doi.org/10.1007/s10943-023-01953-x

Wemm, S. E., Golden, M., Martins, J., Fogelman, N., & Sinha, R. (2023). Patients with AUD exhibit dampened heart rate variability during sleep as compared to social drinkers. Alcohol and Alcoholism, 58(6), 653–661. https://doi.org/10.1093/alcalc/agad061

Fonte: Centro de Documentação do Ispa | SCOPUS

Carlos Lopes / Patrícia Santos

Jingle Bells”Assista ao video do nosso Natal Ispa 2023!

🐾 𝐋𝐀𝐒𝐓 𝐂𝐀𝐋𝐋! 📚

Conheça as nossas Pós-Graduações nas áreas da Psicologia e Biociências.

Não perca tempo!

Mais informações:

2024 aproxima-se e a Formação Ispa já tem disponível o catálogo para o próximo ano.

Conheça a nossa oferta formativa nas áreas da Psicologia, Educação e Desenvolvimento Pessoal.

Mais Informações:

Concurso para atribuição de 2 bolsas na área de Psicologia

Encontra-se aberto concurso para atribuição de 2 (duas) bolsas de investigação (BI) no âmbito das atividades de investigação em Psicologia no Projeto “Women Behind Bars – Female Portuguese Inmates’ Characterization and Gender-Specific Needs Assessment”, (reference: LCF/PR/SR23/57000016) na Unidade de I&D William James Center for Research do Ispa – Instituto Universitário, com apoio financeiro da Fundação “la Caixa”.

Ler Mais

O Serviço de Candidaturas & Atendimento Académico tem como objetivo um contacto mais próximo e facilitado com os seus estudantes e candidatos, gerindo vários canais de atendimento, nomeadamente atendimento remoto.

Podem contactar-nos através de:
candidaturas@ispa.pt | sa@ispa.pt
Atendimento +351 218 811 700 (opção 1 e 2)
Segunda a sexta-feira 09h00 às 13h00 e 14h30 às 18h00
WhatsApp 910 873 413


Quer receber novidades do Ispa no seu email? Subscreva aqui a nossa Newsletter.


Ispa N1 Minuto #35
Ispa N1 Minuto #34
Ispa N1 Minuto #33
Ispa N1 Minuto #32
Ispa N1 Minuto #31
Ispa N1 Minuto #30
Ispa N1 Minuto #29
Ispa N1 Minuto #28
Ispa N1 Minuto # 27
Ispa N1 Minuto # 26
Ispa N1 Minuto # 25
Ispa N1 Minuto # 24
Ispa N1 Minuto # 23
Ispa N1 Minuto # 22
Ispa N1 Minuto # 21
Ispa N1 Minuto # 20
Ispa N1 Minuto # 19
Ispa N1 Minuto # 18
Ispa N1 Minuto # 17
Ispa N1 Minuto # 16
Ispa N1 Minuto # 15
Ispa N1 Minuto # 14
Ispa N1 Minuto # 13
Ispa N1 Minuto # 12
Ispa N1 Minuto # 11
Ispa N1 Minuto # 10
Ispa N1 Minuto # 9
Ispa N1 Minuto # 8
Ispa N1 Minuto # 7
Ispa N1 Minuto # 6
Ispa N1 Minuto # 5
Ispa N1 Minuto # 4
Ispa N1 Minuto # 3
Ispa N1 Minuto Edição Especial de Natal
Ispa N1 Minuto # 2
Ispa N1 Minuto # 1