Ispa N1 Minuto | Newsletter #23 – novembro 2022

60 anos orgulhosamente acompanhados 

Em 1996, um grupo de alunos formou uma lista de candidatos aos Órgãos de Gestão do ISPA: Conselho Diretivo e Conselho Pedagógico. Na sua declaração de intenções, levavam entre outras, a proposta de converter a isenção de pagamento da mensalidade que até então usufruíam os alunos dos Órgãos de Gestão, em 16 bolsas de estudo que comparticipariam em 50% as mensalidades de alunos que se debatessem com dificuldades económicas.  

Essa lista candidata ganhou com 65% dos votos e no dia da tomada de posse, a Direcção do ISPA somou-se à iniciativa e igualou a proposta dos alunos, totalizando assim 32 bolsas que comparticipavam 50% do custo de frequência do Ispa ao mesmo número de alunos.  

Estava dado o primeiro passo para o surgimento da Ação Social no ISPA. Fruto desta iniciativa, em 1999 o ISPA é convidado a integrar o “Projeto Piloto de Ação Social do Ensino Privado” do Ministério da Educação (ME). No ano letivo 2021/2022, o ME outorga a 238 alunos do ISPA 324.712,92€ em bolsas de estudo, posicionando o ISPA no top-10 entre as 85 instituições do ensino superior Particular e Cooperativo elegíveis. 

É com particular emoção como ex-aluno, que nesta celebração dos 60 anos do ISPA, para além de assinalar o valor académico e científico, a qualidade profissional de docentes e funcionários, que, orgulhosamente acompanhado, destaco o pendor humanista e solidário da Instituição e seus integrantes que ao longo das diferentes gerações contribuíram desde a comunidade académica ispiana para uma sociedade mais justa e equitativa, na vanguarda dos direitos sociais. 

Parabéns, Ispa. 

João Matos
Alumnus Ispa
Presidente da AEISPA 1994/95 e 1995/1996
Membro do Conselho Diretivo do ISPA 1996/1998

Isabel Felgueiras é Psicóloga e ex-docente do Ispa. Foi professora em licenciaturas, mestrados e pós-graduações, nos domínios da Intervenção Precoce na Infância, das Necessidades Educativas Especiais e da Deficiência. Trabalhou em administração pública, tendo tido intervenção direta com crianças e famílias, investigação, assim como atividade como formadora, coordenadora de equipas, chefia e direção. Foi recentemente agraciada pelo Ispa, no âmbito das Comemorações dos seus 60 Anos, com o Prémio de Carreira de Mérito, e faz parte da Comissão de Comemorações dos 60 anos do Ispa. 

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Nome completo
Maria Isabel Ribeiro da Silva Felgueiras 

Idade
Tenho 73 Anos 

Situação familiar (casada? filhos?)
Sou viúva há cerca de 15 anos e vivo sozinha em Lisboa. Tenho 1 filho com 41 anos, historiador, que trabalha no Museu do Aljube, Resistência e Liberdade. Sou avó de um lindíssimo neto com 2 anos que me encanta e que me reaviva e confirma muito do que fui aprendendo sobre o desenvolvimento e a aprendizagem nestes primeiros anos.

Local de nascimento?
Nasci em Santo Amaro de Oeiras, local onde os meus pais viviam. Ainda sou do tempo em que se nascia em casa com uma parteira e foi isso que aconteceu quer comigo quer com os meus 4 irmãos.

Foi aí que cresceu?
Até por volta dos 30 anos, vivi sempre na casa onde nasci em Santo Amaro de Oeiras. Foi também aqui que frequentei a escola primária e o Liceu Nacional de Oeiras. Cresci numa família grande e numa casa grande, onde viviam os meus pais, os 5 filhos e também os meus avós paternos.

Se pudesse reviver algo da sua infância, o que seria?
Reviver não direi, mas recordo com saudade muitos momentos da minha infância, sobretudo, a oportunidade, como criança, de poder brincar de forma muito livre, dentro e fora de casa, quer entre nós irmãos quer com amigos. Íamos para os “campos” à volta da nossa casa, às vezes até para a rua e desde cedo que nos deslocávamos sozinhas, contrariamente, ao que hoje acontece com as crianças, sobretudo as que vivem em grandes centros. Comparo, por vezes, a enorme diferença com o que se passou com a infância do meu filho, hoje com 41 anos, a viver num andar no centro da cidade de Lisboa.

Lugar preferido?
Local preferido para viver hoje, é, sem dúvida, Lisboa, o local onde vivo. Para passear ou visitar, serão muitos!

Tem algum hobbie? E “mania”?
Não sei se poderei considerar como um hobbie, gosto de ler quando tenho tempo e de ouvir música. Acho que não tenho nenhuma “mania”.  E tenho o “vício” que me leva a não parar com atividades profissionais.

O que a fascina?
As coisas bonitas, claro! Pensando nos domínios estético e artístico, ouvir/assistir a um bom concerto, ver uma boa exposição de pintura, entre outros. Mas, para além disso, delicio-me por vezes, quando observo e assisto a alguns diálogos entre pessoas que não conheço (por exemplo, numa mesa de um restaurante) e que são muito reveladoras de certas características do comportamento humano.

O que os outros gostam em si?
Talvez a atenção que de um modo geral presto às pessoas, a compreensão, a procura de consensos. E o empenho e entusiasmo que habitualmente tenho naquilo que faço.

O que queria ser quando era pequena?
Não me lembro. Não sei se terei mesmo passado pela fase de querer ser professora ou médica ou se isso já foi uma construção posterior.  

Como foi a sua formação e porque escolheu essa área?
Estava indecisa sobre que curso iria seguir, quando em 1967 estava a terminar o 7º Ano do Curso complementar dos liceus, na área de Económicas (alínea g) que daria acesso ao curso de Economia. Acontece que o Ispa tinha então acabado de se instalar na Rua da Emenda e em boa hora tive conhecimento da sua existência, porque o local de trabalho do meu pai era aí muito próximo e ele teve acesso a uma brochura e publicações do Ispa com informação detalhada sobre o curso de psicologia e suas diferentes secções. Fiquei interessada, fui explorar e decidi matricular-me, tirando então no Ispa o Diploma em Psicologia na área de Psicopedagogia. Como o curso do Ispa não era ainda reconhecido como licenciatura, alguns anos mais tarde, após a criação das Faculdades de Psicologia, optei por fazer a integração curricular que me permitiu obter em 1983 o grau de licenciatura em Psicologia Clínica na Faculdade de Psicologia de Lisboa. Formalmente, a minha formação académica ficou por aqui. Ao longo da minha vida profissional tive, no entanto, boas oportunidades de formação técnica e científica (cursos e estágios) quer em Portugal quer no estrangeiro e que para mim foram cruciais. 

Foi influenciada pelos seus pais ou familiares nesta escolha?
Os meus pais nunca interferiram nas escolhas. A influência do meu pai foi apenas por ter sido através dele que tive acesso à brochura informativa que me permitiu ter conhecimento do curso do Ispa.

Como é que iniciou a sua carreira profissional, e como foi esta correndo?
Acabei o Ispa e fui estagiar para o COOMP (Centro de Observação e Orientação Médico-Pedagógica), um serviço público do então Ministério da Saúde e Assistência, totalmente inovador na área da avaliação e intervenção com crianças em risco e com deficiência. Estive cerca de 30 anos no COOMP, que, entretanto, foi mudando de nome, (passando a Direção de Serviços de Orientação e Intervenção Psicológica – DSOIP- e posteriormente, Centro de Estudo e Apoio à Criança e à Família – CEACF). Foi uma atividade muito diversificada:  intervenção direta com crianças e famílias, investigação, formadora, coordenação de equipas interdisciplinares e de projetos, e a partir de 1992, funções de diretora deste serviço durante 10 anos. Após um curto período como Adjunta da Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa, fui em 2003 para o Instituto Nacional para a Reabilitação, onde dirigi de 2007 a 2009 o Gabinete de Investigação e Desenvolvimento, passando as questões dos direitos das pessoas com deficiência a ocupar um lugar relevante. Aí, também representei Portugal em alguns grupos de trabalho de âmbito europeu.  A docência também tem feito parte da minha atividade, sobretudo no Ispa, mas também, na Universidade de Évora e no Instituto Superior de Educação e Ciências. No Ispa, fui prestando a minha colaboração como docente em diferentes períodos e níveis – licenciaturas, mestrados e pós-graduações – geralmente, nos domínios da Intervenção Precoce na Infância, das Necessidades Educativas Especiais e da Deficiência. O início foi em 1979/80, ainda na Feira Popular, posteriormente, sobretudo em 2 períodos – 2010 a 2013 e 2017 a 2020.
Embora aposentada da administração pública desde 2009, tenho continuado a desenvolver uma atividade mais ou menos intensa dentro dos meus domínios, colaborando com a Pais em Rede, Associação (PeR) e com a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP) e fazendo parte dos órgãos sociais destas duas organizações não-governamentais.

Como chegou ao Ispa?
Quase por um acaso. Não conhecia o Ispa, como já disse anteriormente, a brochura sobre o Ispa foi determinante na minha escolha.

Duas pessoas essenciais ao longo da sua vida profissional? Porquê?
Joaquim Bairrão foi, sem dúvida, a pessoa essencial ao longo da minha vida profissional. Não só foi meu professor no Ispa, como iniciei a minha atividade como psicóloga no serviço, então altamente inovador, que ele dirigiu e, aí trabalhei durante muitos anos. Além disso, mais tarde, fomos casados e partilhámos com entusiasmo durante muitos anos o estudo, a investigação, a publicação de artigos e muitas das nossas experiências na área da psicologia.    Claro que houve outras influências em certos momentos da minha vida profissional, mas de uma forma não comparável. Pensando numa segunda pessoa, diria talvez João dos Santos, ao ter tido a oportunidade, também, no início da minha atividade como psicóloga, de assistir a algumas observações/entrevistas inesquecíveis com crianças e com pais conduzidas por ele e de ficar a conhecer a sua forma de pensar.

Maior orgulho em termos profissionais?
Penso que tem sido muito gratificante ao longo da minha atividade, o reconhecimento pelos outros da minha competência, dos meus conhecimentos, empenho e atitudes como profissional.

Qual o maior obstáculo profissional que enfrentou?
Talvez o maior obstáculo ou aquilo que me causou um importante mal-estar foi em 2002, quando todos os Diretores dos Centros Distritais de Segurança Social (penso que à exceção de um ou de dois) e respetivos Adjuntos, onde eu me incluía, fomos saneados pelo Governo de então dos cargos para os quais tínhamos sido nomeados há pouco mais de 1 ano pelo anterior governo. Foi um processo complicado, avançámos mesmo com um processo judicial, o qual mais tarde viemos a ganhar e inclusivamente a receber as devidas indemnizações. Ironia do destino, indemnizações pagas, não pelo governo que nos saneou, mas sim por aquele que nos tinha nomeado!

O que mais a motiva, profissionalmente?
Saber que possa ser útil e isso ser reconhecido pelos outros.

Qual a melhor forma de conhecer e dar a conhecer?
Ter consciência do que sei, do que não sei e daquilo que preciso saber, ter gosto ou sentir a necessidade de saber mais e ir ao encontro de novos conhecimentos, são passos importantes, associando experiência e reflexão. E a melhor forma de dar a conhecer, julgo que tem de começar por se ter segurança no que se quer transmitir e gosto em fazê-lo, despertando o interesse nos outros. Afinal, a dimensão racional e emocional sempre associadas são cruciais para conhecer e dar a conhecer.

Tem sonhos?
Claro que sim, mas raramente me lembro do que sonhei. 

Gostava de voltar a estudar?
Eu tenho estudado toda a minha vida. Porém, não fiz outros graus académicos, para além do grau de licenciatura.

Último livro que leu?
“As Loucuras de Brooklyn” do Paul Auster. E agora tenho estado a ler “Era uma vez Jorge Sampaio – Histórias e Imagens”.

Filme preferido?
Para mim é-me extremamente difícil dizer que este filme, livro, música ou outra coisa qualquer, é o meu preferido. O preferido para mim pode variar no tempo, dependendo de tantos fatores, não só da sua qualidade, mas das nossas emoções, dos períodos da nossa vida, dos momentos e experiências de vida, dos contextos, da forma como nos recordamos e valorizamos as coisas. Mas, vou tentar.
Por acaso, há alguns dias, o excelente cinéfilo Mário Augusto falava na TV sobre “melhores filmes” e sabendo eu já deste tipo de questões colocadas nesta entrevista, ouvi-o com interesse. Ele apontou o filme “Cinema Paraíso” como tal, apresentando-nos alguns excertos, referindo que de certa forma ele nos faz reviver o que é o cinema, levando-nos a uma espécie de “viagem emocional” que nos remete para todo um percurso sobre muitos dos filmes que fomos vendo. Não há dúvida que me identifiquei com muito do que foi dito e posso considerar o “Cinema Paraíso” um filme de eleição, embora não saiba dizer se é o melhor filme que eu vi! Revi-o várias vezes e com enorme prazer! 

Música preferida?
Recordo a música que ouvia e que me “tocou” de forma especial na minha adolescência/ juventude, como é o caso dos Beatles, Simon & Garfunkel, Leonard Cohen, Joan Baez.

Imagem preferida?
Na mesma linha da resposta às questões anteriores, elejo Van Gogh e Turner, como dois pintores que me agradam particularmente. Mas, uma imagem preferida, não sou capaz! O “Grito” de Munch é uma pintura que me toca bastante, não pelas mesmas razões dos pintores anteriores, mas pela sua enorme expressividade e carga emocional que tão bem transmite.

O que é ser do Ispa?
Embora a minha colaboração com o Ispa como docente e coordenação de pós-graduações foi sendo esporádica, é engraçado que, por vezes, dou por mim a dizer “sou do Ispa”, associando ao facto de ser a minha “escola-mãe” no âmbito da Psicologia. De certo modo, há um sentimento de pertença e, posso dizer que há um certo orgulho pelo facto de ter sido o Ispa a inaugurar no nosso país o ensino da Psicologia como uma área científica autónoma, foi a primeira Escola de Ensino da Psicologia. E, por último, não posso deixar de referir que há poucos dias fui agraciada pelo Ispa, no âmbito das Comemorações dos seus 60 Anos, com o Prémio de Carreira de Mérito, o que muito me honra.

A pergunta que gostava que lhe fizessem?
Não sei, mas, em parte dependerá donde vem a pergunta! Mas, vou pensar, por exemplo, que poderia ser de alguém com responsabilidades governativas, então, gostaria, que me fizesse uma pergunta relacionada com a reconhecida importância dos primeiros anos de vida da criança no desenvolvimento do individuo e, de que modo isso deverá influenciar escolhas em termos de políticas e de medidas a operacionalizar. 


Exposição SER Ispa | 1962 – 2022 | Arquivo Histórico do Ispa 

Artigo de opinião por Carlos Lopes
Carlos Lopes é professor e investigador do Ispa / APPsyCI e Diretor do Centro de Documentação do Ispa.
É o curador da exposição SER Ispa, patente na Galeria Malangatana até 23 de janeiro. 

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No ano em que o Ispa celebra 60 anos de vida, e recorrendo ao mote “Revisitar o passado, conhecer o presente e projetar o futuro”, esta exposição apresenta uma viagem multisensorial à história do Ispa e seus marcos fundamentais, nos vários períodos que caracterizaram a mesma, a saber: 

1962 | 1982
A MAIS ANTIGA ESCOLA DE PSICOLOGIA DE PORTUGAL
O ISPA iniciou a sua atividade a 7 de novembro de 1962 com a designação de Instituto de Ciências Psicopedagógicas. Funcionava nas instalações do Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa. A ideia de criar uma escola que visasse o ensino da Pedagogia, da Psicologia e da Teologia foi da Conferência Nacional dos Superiores Maiores dos Institutos Religiosos Masculinos (CNIR) e da Federação Nacional das Superioras Maiores dos Institutos Religiosos (FNIR). O Instituto abre com o objetivo máximo de formar os professores para os colégios religiosos, sendo os seus estudantes membros das ordens religiosas. Porém, um ano depois, o curso abre à população em geral e sofre, posteriormente, uma reestruturação curricular, separando-se a formação teológica da Psicologia e da Pedagogia e passando a formação de três para quatro anos.

O ano de 1964 marca a mudança de nome para Instituto Superior de Psicologia Aplicada (nascendo o acrónimo ISPA), passando a funcionar nas instalações dos Padres Jesuítas anexas ao colégio S. João de Brito. O ISPA consolida-se então no panorama nacional, estruturando-se cientificamente ao nível dos melhores institutos congéneres da Europa. 

1983 | 2002
O ISPA NA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
Em 1983, o ISPA muda-se para as instalações atuais, na Rua Jardim do Tabaco. Nos anos que se seguem, o ISPA desenvolve um projeto pedagógico e cultural único e pioneiro no âmbito do ensino superior em Portugal: articulação com a prática, ênfase nas aprendizagens em grupo com forte componente experiencial, integração de aprendizagens escolares com intervenção cultural e cívica, sob a forma de tertúlias, conferências, concertos e outras manifestações culturais. Desenvolvem-se as três grandes áreas aplicadas: a Psicologia Clínica, a Psicologia Educacional e a Psicologia Social e das Organizações; nasce também o embrião das Ciências da Vida na escola, à volta das disciplinas curriculares da área de Biologia e Etologia. 

2003 | 2022
ISPA – INSTITUTO UNIVERSITÁRIO: ”SAPERE AUDE”
Em 2004, o ISPA é cossignatário da declaração de Santarém, conjuntamente com a Universidade Nova de Lisboa e com os Institutos Politécnicos de Santarém e de Setúbal, em que se propõe a criação de uma região do conhecimento em Lisboa e Vale do Tejo que potencie a otimização de recursos físicos e humanos e o estabelecimento de estratégias comuns com vista à promoção de um espaço de mobilidade no âmbito da formação inicial e a organização conjunta de programas de Mestrado e Doutoramento. 

Em 2009 regista-se um novo marco histórico no desenvolvimento institucional com a conversão do ISPA para Instituto Universitário, no quadro do novo modelo organizativo do ensino superior. O ISPA foi a segunda instituição em Portugal e a primeira no subsistema do ensino superior a satisfazer os requisitos formais e o nível de qualificação exigidos para esta adequação organizacional. Enquanto Instituto Universitário, o ISPA passa a ter autonomia para conferir o grau de Doutor. 

A imposição da insígnia doutoral na instituição reflete-se no logotipo, no qual se super-impõe a divisa em latim Sapere Aude, que significa “ousar saber” e simboliza o livre pensamento que pretendemos promover nos nossos estudantes, de modo a formar cidadãos interventivos e capazes de um argumentário mais racional e lógico. 

Mais recentemente, e no âmbito do processo de avaliação e acreditação do Ensino Superior, o Ispa – Instituto Universitário viu acreditada toda a sua oferta formativa conducente a grau (Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos), pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, facto que releva a singularidade do Ispa no panorama do subsetor privado e cooperativo do Ensino Superior Português e o coloca entre as melhores referências universitárias nacionais.

Fica o convite para viajarem por espaços nunca antes navegados (ousar saber, espaço leitura, espaço escrita, …) que nos convidam a refletirmos sobre de onde viemos, o que realizamos e qual será a nossa perspetiva de futuro. 

Parabéns ao Ispa pelo seu 60 aniversário! 


As âncoras de Carreira de Edgar Schein  

Edgar Schein, Professor Emeritus da área de Work and Organization Studies do MIT – Massachusetts Institute of Technology é considerado uma referência ao nível da Psicologia Organizacional. Reconhecido pelos seus trabalhos ao nível da Cultura Organizacional, desenvolveu também investigação noutras áreas. Hoje, gostaria de partilhar convosco as suas contribuições relativamente à forma como cada um de nós vê a sua carreira.

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Na década de 70 do século passado, Edgar Schein propôs um modelo, o qual denominou de Âncoras de Carreira, que visa compreender que fatores norteiam as nossas decisões de carreira. Não se tratando de um modelo de gestão de carreira externa, baseada nas necessidades, politicas e oportunidades organizacionais, as âncoras de carreira de Schein são internas e construídas com base no nosso autoconceito, os nossos valores pessoais bem como os motivos e necessidades relacionadas com a nossa carreira. Assim, as âncoras de carreira são o mecanismo que explica as nossas decisões de carreira, pelo que podem variar de pessoa para pessoa. Percebe-se assim o porquê de por vezes refletirmos sobre decisões que outros tomaram e pensarmos “Eu nunca tomaria tal decisão”!

Quais são então as âncoras de carreira propostas por Schein e que são, ainda hoje, muito utilizadas ao nível da consultoria e coaching de carreira?  

Competências de Gestão: Pessoas com esta âncora elevada almejam atingir posições com maior responsabilidade e de liderança. Os seus objetivos profissionais passam por uma trajetória ascendente.

Competência Técnico/Profissional: Pessoas com esta âncora elevada valorizam a especialização e o domínio técnico numa área do saber pelo que procuram oportunidades onde possam desenvolver as suas competências técnicas.

Autonomia / Independência: Pessoas que procuram autonomia, flexibilidade, contextos em que possam tomar as suas decisões e não se tenham de reger com base em regras pré-estabelecidas, têm tendencialmente esta âncora elevada.

Segurança / Estabilidade: Palavras como lealdade, emprego para a vida, consistência e previsibilidade caracterizam pessoas com esta âncora de carreira elevada.

Criatividade Empreendedora: Pessoas com esta âncora de carreira elevada possuem um elevado espírito empreendedor, motivando-se e motivando outras para o desenvolvimento de novos produtos, serviços, projetos. O intraempreendedorismo está muito associado a esta âncora de carreira.

Serviço / Dedicação a uma Causa: “Deixar o mundo melhor que o encontraste”.  Pessoas com esta âncora elevada regem-se por este princípio, dedicando-se a causas específicas procurando deixar a sua marca e contribuição.

Desafio Puro: Pessoas com esta âncora elevada procuram incessantemente superarem obstáculos aparentemente impossíveis de ultrapassar.  Regem-se pela busca de projetos caracterizados por desafios insolúveis, revelando também ser pessoas competitivas.

Estilo de Vida: Seja surfar na Austrália durante 6 meses ou garantir que vai buscar os filhos à escola todos os dias, pessoas com esta âncora elevada ajustam as suas carreiras aos outros domínios da sua vida integrando todas as facetas das suas vidas.

Sejam estudantes, docentes, staff, alumni, deixo-vos duas questões.
Qual é / Quais são as vossas principais âncoras de carreira?
Têm as vossas decisões de carreiras sido baseadas nas vossas âncoras?
Boas Reflexões!

Ana Sabino
Professora do Ispa


Mais e Melhor Envolvimento Académico: do Ispa para o Mundo 

O envolvimento académico com os estudos no ensino superior é um constructo multidimensional, permissivo e ainda em desenvolvimento. As primeiras concetualizações do envolvimento surgiram em contexto laboral – envolvimento com o trabalho – mas cedo se percebeu que este constructo é aplicável a várias atividades humanas.

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Em contexto académico, em colaboração com a Prof. Jennifer Fredericks da Universidade do Connecticut nos EUA, foi desenvolvido um inventário psicoeducacional que concetualiza o envolvimento académico como um constructo tridimensional operacionalizado em dimensões cognitiva, comportamental e emocional1. A dimensão comportamental é definida por comportamentos normativos na sala de aula/universidade. A dimensão cognitiva é operacionalizada por pensamentos, perceções e estratégias dos alunos relacionadas com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de competências académicas. A dimensão emocional é operacionalizada por sentimentos e emoções positivas e negativas relacionadas com o processo de aprendizagem, atividades de sala de aula, colegas e professores. Desde então, o constructo e o University Student Engagement Inventory (USEI) criado para o avaliar de forma válida e fiável têm recebido atenção e investigação um pouco de todo o mundo, com publicações cientificas que atestam fontes de evidência de validade e fiabilidade em contextos universitários de Portugal, Brasil, Moçambique, Reino Unido, Finlândia, Taiwan, Macau, Eslováquia, Itália, Estados Unidos2, Filipinas, Austrália, Argentina, Uruguai, Espanha3, China, India, Paquistão, Turquia, Sérvia, Malásia, Emirados Árabes Unidos e Irão4.


Número de Downloads da USEI (Novembro, 2022, Frontiers in Psychology)

O envolvimento académico tem um efeito protetor sobre o Burnout académico e reduz as intenções de desistir do curso nestes estudantes5,6. Estes efeitos, em diferentes níveis, são universais e comuns a diferentes sistemas e culturas educativas. Estudos em Portugal, pré-pandemia, observaram que mais de metade dos estudantes do ensino superior está Burnout7 e que as medidas promotoras do envolvimento académico são capazes de atenuar o aparecimento e desenvolvimento do Burnout em contexto universitário e as intenções para desistir dos estudos8. Mais e melhor envolvimento académico precisa-se!

João Marôco
Professor do Ispa


ARTIGOS PUBLICADOS

Conheça os últimos artigos publicados.

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Antunes, M. L., Lopes, C., & Borges, M. M. (2022). Revistas y editoriales depredadoras en el campo de la salud: Problemática y recomendaciones para los investigadores.Ibersid: Revista de Sistemas de Información y Documentación, 16(2), 57–64. https://doi.org/10.54886/ibersid.v16i2.4818

Branquinho, C., Guedes, F. B., Cerqueira, A., Galvão, C., Sousa, J., Matos, M. G. D., Marques-Pinto, A., Branco, A., Goulão, L. F., Viegas, W., & Bronze, M. R. (2022). COVID-19 and lockdown, as lived and felt by university students. International Journal of Environmental Research and Public Health, 19(20). https://doi.org/10.3390/ijerph192013454

Campos, M., Peixoto, F., Bártolo-Ribeiro, R., & Almeida, L. S. (2022). Adapting as I go: An analysis of the relationship between academic expectations, self-efficacy, and adaptation to higher Education. Education Sciences, 12(10). https://doi.org/10.3390/educsci12100658

Choi, J. J., Martins, J. S., Hwang, S., Sinha, R., & Seo, D. (2022). Neural correlates linking trauma and physical symptoms. Psychiatry Research: Neuroimaging, 327. https://doi.org/10.1016/j.pscychresns.2022.111560

da Silva, W. R., Donofre, G. S., Neves, A. N., Marôco, J., Teixeira, P. A., & Campos, J. A. D. B. (2022). Investigating method effects associated with the wording direction of items of the Social Physique Anxiety Scale. Eating & Weight Disorders, 27(7), 2857–2867. https://doi.org/10.1007/s40519-022-01439-x 

Encantado, J., Marques, M. M., Gouveia, M. J., Santos, I., Sánchez-Oliva, D., O’Driscoll, R., Turicchih, J., Larseni, J. S., Horganj, C. G., Teixeira, P. J., Stubbs, J. B., Heitmannik, L., & Palmeira, A. L. (2023). Testing motivational and self-regulatory mechanisms of action on device-measured physical activity in the context of a weight loss maintenance digital intervention: A secondary analysis of the NoHoW trial. Psychology of Sport and Exercise, 64.https://doi.org/10.1016/j.psychsport.2022.102314 

Garcia-Marques, T., Oliveira, M., & Nunes, L. (2022). That person is now with or without a mask: how encoding context modulates identity recognition. Cognitive Research: Principles and Implications, 7(1). https://doi.org/10.1186/s41235-022-00379-5 

Najafi Ghezeljeh, T., Sharif Nia, H., Bagheri, H., Abbasi, A., Keyvanloo Shahrestanaki, S., Amiri Largani, H., & Marôco, J. (2022). Psychometric evaluation of Persian version of Diabetes Acceptance Scale (DAS). BMC Endocrine Disorders, 22(1), 1–9. https://doi.org/10.1186/s12902-022-01123-2 

Perea, S., Mendes, S. L., Sousa-Santos, C., Ondina, P., Amaro, R., Castro, J., San-Miguel, E., Lima, C. S., Garcia, M., Velasquez, V., Garcia-Roves, P., Fernández, D., Araujo, R., Sousa, V. C., & Reis, J. (2022). Applying genomic approaches to delineate conservation strategies using the freshwater mussel Margaritifera margaritifera in the Iberian Peninsula as a model. Scientific Reports, 12(1), 1–13. https://doi.org/10.1038/s41598-022-20947-5 

Rodrigues, A. C., Carvalho, H., Caetano, A., & Santos, S. C. (2022). Micro-firms way to succeed: How owners manage people. Journal of Business Research, 150 (3), 237–248. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2022.05.062 

Rodrigues, E. D., Santos, A. J., Hayashi, M., Matsuzawa, T., & Hobaiter, C. (2022). Exploring greetings and leave-takings: communication during arrivals and departures by chimpanzees of the Bossou community, Guinea. Primates, 63(5), 443–461. https://doi.org/10.1007/s10329-021-00957-z 

Isabel Leite no Ciclo de Conferências 

Isabel Leite, Professora Auxiliar do Departamento de Psicologia da Universidade de Évora e membro do Conselho Consultivo do EDULOG, Think Tank para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo, vai estar presente no Ciclo de Conferências já no próximo dia 6 de dezembro às 16h30, no Auditório 1 do Ispa – Instituto Universitário. A conferência terá como host Ana Cristina Silva.

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Ana Cristina Silva nas Conversas no Divã

A escritora Ana Cristina Silva é a próxima convidada das Conversas no Divã. 
A sessão será transmitida em direto no dia 6 de dezembro às 18h30 na página de Facebook do Ispa. 
Emitidas quinzenalmente às terças-feiras das 18h30 às 19h30, as Conversas no Divã exploram vários temas das artes e da cultura através de conversas informais com escritores, encenadores, músicos, performers, atores e artistas visuais. 

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Lecture de Susana Varela

No próximo dia 7 de dezembro às 12h30 na Sala de Atos do Ispa, a investigadora Susana Varela (WJCR / Ispa – Instituto Universitário; IGC – Instituto Gulbenkian de Ciência) vai dar uma palestra com o título Genetic Architecture of Social Learning in Fruit Flies

Inscrições por e-mail: wjrc@ispa.pt 

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Pós-graduação em Psicogerontologia

A Pós-graduação em Psicogerontologia, organizada em parceria com a Associação Portuguesa de Psicogerontologia, é uma formação especializada orientada para a aplicabilidade e utilidade profissional dos seus conteúdos curriculares, na qual já participaram mais de 130 Alunos. Os 44 ECTS obtidos com o diploma de pós-graduação têm reconhecimento em instituições universitárias nacionais e internacionais para prosseguimento de estudos conducentes a grau académico. Este diploma de pós-graduação constitui uma mais-valia para o mercado de trabalho, nomeadamente para quem já trabalho ou que pretende trabalhar com idosos em instituições e equipamento sociais tais como: lares, centros de dia, residências sénior, centros sociais e paroquiais, serviços de apoio domiciliário, unidades de cuidados continuados e centros comunitários de apoio ao idoso. Até 30 de novembro aproveite o desconto de 50% na taxa de candidatura e matrícula.

Inscrições e mais informações »


Pós-Graduação em Literacia em Saúde: Modelos, Estratégias e Intervenção na Prática

A Pós-Graduação em Literacia em Saúde: Modelos, Estratégias e Intervenção na Prática é única em Portugal, tem como objetivo capacitar, desenvolver e aprofundar os conhecimentos dos profissionais nesta área emergente atualmente integrada no Programa Nacional de Saúde em Portugal.

Esta especialização visa proporcionar aos participantes uma compreensão analítica da diversidade de soluções existentes para o desenvolvimento da literacia em saúde em Portugal, dotando-os de um conjunto de competências e conhecimentos e de instrumentos e ferramentas para aplicação e adaptação às situações específicas em saúde. Até 30 de novembro aproveite o desconto de 50% na taxa de candidatura e matrícula.

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Pós-Graduação em Terapia Assistida por Animais

A Terapia Assistida por Animais é uma intervenção dirigida por objetivos, na qual um animal que obedece a critérios específicos é parte integrante do processo de tratamento. É efetuada ou dirigida por um profissional da área da saúde, com conhecimentos especializados no âmbito da prática da sua profissão.

É projetada para promover o bem-estar físico, social, emocional e/ou o funcionamento cognitivo de indivíduos ou grupos, sendo uma intervenção devidamente planeada e avaliada.

Embora já largamente utilizada na Europa e nos Estados Unidos e verificando-se nos últimos dez anos uma crescente procura por parte dos técnicos, especificamente psicólogos, professores e fisioterapeutas. Esta é uma Pós-Graduação inovadora em Portugal. Até 30 de novembro aproveite o desconto de 50% na taxa de candidatura e matrícula.

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Pós-Graduação em Promoção do Bem-Estar Animal

O bem-estar animal é uma área da ciência que investiga aspetos relacionados com o efeito nos animais da sua manutenção e utilização como companhia, para fins experimentais, pecuários ou lúdicos. Algumas questões associadas incluem qual o grau de frustração causado por ambientes confinados, que resposta ao stresse é provocada pelo transporte ou manuseio, ou qual a melhor estratégia para promover o comportamento natural. O âmbito desta disciplina pode também estender-se a animais no estado selvagem, onde o bem-estar individual é ameaçado por diversas práticas antropogénicas. Até 30 de novembro aproveite o desconto de 50% na taxa de candidatura e matrícula.

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Workshop Attachment Coding – Strange Situation Procedure ABC

Workshop ministrado pelo Professor Doutor Marinus van IJzendoorn
23-27 de janeiro de 2023 | 09h00-13h00
Ispa – Instituto Universitário Inscrições por e-mail para cecf@ispa.pt
* Inscrições limitadas ao número de vagas existentes.
** Limited registrations.

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Workshop Rating Caregiver Sensitivity Ainsworth and Erickson

Workshop Ministrado pela Professora Doutora Marian-Bakermans-Kranenburg
23-27 de janeiro de 2023| 09h00-13h00
Ispa – Instituto Universitário
Inscrições por e-mail para cecf@ispa.pt
* Inscrições limitadas ao número de vagas existentes.
** Limited registrations.

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Sessão Solene de Abertura do Ano Letivo 2022/23

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Inauguração da Exposição SER Ispa | 1962-2022

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Escola de Educação do Ispa reúne com Instituições Cooperantes: Vivendo a Pedagogia do Encontro

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Almoço-convívio dos 60 anos do Ispa

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Apresentação do livro de Luís Delgado

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2º encontro presencial do Projeto ProSTEAM

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2º Encontro Transnacional do Projeto MathMot

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António Caetano na Visão

Paulo Catry na Wilder

Fatu Banora na Fórum Estudante

Ispa na Human

Ana Carvalheira na Notícias Magazine

Ivone Patrão e Filipa Pimenta na PME Magazine

O Serviço de Candidaturas & Atendimento Académico tem como objetivo um contacto mais próximo e facilitado com os seus estudantes e candidatos, gerindo vários canais de atendimento, nomeadamente atendimento remoto.

Podem contactar-nos através de: 
candidaturas@ispa.pt | sa@ispa.pt 
Linha Azul Candidaturas 808 101 717 
Atendimento +351 218 811 700 (opção 1 e 2) 
Segunda a sexta-feira 09h00 às 13h00 e 14h30 às 19h00 
WhatsApp 910 873 413 


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