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Prémio Empreendedorismo Social ISPA/CGD distingue projeto de Inclusão Social de indivíduos laringectomizados

26 de Fevereiro, 2024

O Prémio ‘Empreendedorismo Social | ISPA/CGD’ foi atribuído, esta segunda-feira (26 de fevereiro), ao projeto ‘Modelo Voz’ de Madalena Soromenho, que visa a integração social de portadores de laringectomia total. A cerimónia de entrega do galardão foi presidida pela Reitora do Ispa, a Professora Doutora Isabel Leal e contou com a presença da Doutora Liliana Samuel, da Caixa Geral de Depósitos.

O projeto ‘Modelo Voz’ consiste na implementação de um Modelo Terapêutico de Inclusão Social para indivíduos laringectomizados, que teve como parceiro a Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Sul (LPCC-NRS).

O modelo criado pela investigadora Madalena Soromenho visa promover a qualidade de vida da pessoa laringectomizada, através do fortalecimento da sua rede de suporte social (desde logo a nível familiar e afetivo, mas também a nível laboral e comunitário) e da diminuição de vivências estigmatizantes.

Na dimensão psicológica, a investigadora recorreu à Fotografia Terapêutica para promover a restauração do sujeito laringectomizado. Trata-se de uma abordagem inovadora com base científica, utilizada com sucesso no passado noutras áreas da investigação social e da saúde, nomeadamente em investigação oncológica e de mutilados.

A fotografia terapêutica constitui um forte instrumento político, com um impacto social que assenta no envolvimento ativo da sociedade enquanto agente terapêutico, através da chamada de atenção, informação, apaziguamento social no confronto com estas realidades, aproveitamento e usufruto social das capacidades individuais do laringectomizado. A presente intervenção pretende promover a integração social dos laringectomizados em Portugal, sendo esta uma população física e psicologicamente diminuída e vulnerável.

Enquanto comunidade unida contra a ostracização social é necessário aprender uma nova maneira de falar, por isso, o objetivo final deste projeto é dar uma nova “voz” ao laringectomizado.

Na dimensão da sociedade, pretende-se promover a informação sobre a realidade vivida por estes sujeitos, tendo em vista a integração, responsabilização, inclusão e dignificação do laringectomizado na sociedade.

O ponto de partida para a realização deste projeto, numa dimensão psicológica, está relacionado com o facto de a laringectomia total ser mais traumática emocionalmente do que qualquer outro tipo de cirurgia, devido à deficiência funcional resultante do procedimento cirúrgico. Numa dimensão social (sistema familiar, laboral e comunitário), ocorre um desconhecimento generalizado da realidade do laringectomizado e das formas de agir por parte dos agentes sociais que com ele se relacionam.

O júri do Prémio “Empreendedorismo Social | ISPA/CGD” foi constituído pelos professores do Ispa-Instituto Universitário, Maria João Vargas Moniz e Mariana Miranda e da Caixa Geral de Depósitos, Hélder Pinhão.

Sobre a Laringectomia

O procedimento de laringectomia total envolve a remoção de todas as estruturas da laringe, o que implica a desconexão da via aérea e abertura de um orifício respiratório permanente no pescoço (traqueostoma). Na maioria das vezes, a laringectomia é feita para tratar o cancro, especificamente o cancro da laringe. Sendo um dos cancros mais prevalentes na categoria cabeça e pescoço, o cancro da laringe afeta cerca de 600 portugueses anualmente, o que corresponde a dois por cento dos cancros diagnosticados por ano. Em 2021, estes números colocam Portugal em terceiro lugar no ranking europeu de incidência do cancro da laringe (Ministério da Saúde, 2021). Por sua vez, o cancro da laringe afeta uma população que, previamente ao alojamento patológico, manifestava uma gama de fatores de risco psicossocial. Por conseguinte, o este tipo de cancro que obriga à excisão laríngea, é de grande prevalência nos centros urbanos, entre os homens acima dos 50 anos.

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