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Ispa foi palco de formação internacional sobre “Codificação da Vinculação Desorganizada no paradigma da Situação Estranha” 

10 de Julho, 2023

O Ispa – Instituto Universitário foi palco de uma formação internacional sobre “Codificação da Vinculação Desorganizada no paradigma da Situação Estranha”. 

Durante uma semana, investigadores vindos de vários pontos do globo participaram num workshop de formação liderado pelos Professores, Marinus H. van Ijzendoorn e Marian Bakermans-Kranenburg, especialistas na Teoria da Vinculação e na Codificação da Situação Estranha. O curso contou ainda com a participação do Professor Tommie Forslund. O objetivo do workshop foi a formação de especialistas na análise e codificação dos comportamentos ditos desorganizados entre as crianças e os respetivos pais ou cuidadores.  

A Vinculação Desorganizada, um dos quatro padrões de vinculação identificados no paradigma da Situação Estranha, caracteriza-se por demonstrações evidentes de medo; comportamentos ou afetos contraditórios que ocorrem simultânea ou sequencialmente; movimentos estereotipados, assimétricos, mal direcionados ou bruscos, ou congelamento e dissociação aparente. 

Professor Marinus H. van Ijzendoorn

Segundo o Professor Marinus H. van Ijzendoorn, “quando se classifica uma criança como ‘desorganizada’, temos de ter muito cuidado na análise dos vídeos com as interações mães-crianças e pais-crianças. O sistema de codificação é um processo muito longo, com instruções muito detalhadas e que demora bastante tempo a aprender”. Ao longo dos cinco dias de formação no Ispa, foram visualizadas dezenas de vídeos de interação entre os pais e as crianças, e entre as mães e as crianças, provenientes de diferentes laboratórios de quase todo o mundo. 

Professora Marian Bakermans-Kranenburg

Para a Professora Marian Bakermans-Kranenburg, Professora Catedrática do Ispa, investigadora na área da Vinculação e Regulação Emocional entre Pais e Filhos, que também lecionou neste workshop, a qualidade da vinculação é importante porque tem a ver com a qualidade do relacionamento com os pais ou os cuidadores e está relacionada com o desenvolvimento da criança. “Uma vinculação segura, significa que, se a criança está angustiada ou doente, pode procurar conforto no cuidador e, uma vez reconfortada, pode explorar o mundo. A vinculação desorganizada acontece quando a criança não sabe o que fazer: quando está com medo, não consegue decidir se é melhor aproximar-se dos pais ou dos cuidadores ou não” explica. A esse respeito, a Professora Marian Bakermans-Kranenburg acrescenta:  “Como se pode imaginar não é saudável para a criança não saber o que fazer. Encontramos, muitas vezes, esses comportamentos em crianças que foram maltratadas. Isto não quer dizer que todas as crianças que apresentam uma vinculação desorganizada foram maltratadas. Mas pode imaginar-se que, no caso de maus-tratos por parte do cuidador, a criança, ainda que esteja assustada, procure proximidade com a figura de vinculação. Há estas duas intenções contraditórias, que resultam no comportamento desorganizado. É por isso que é importante codificar e identificar este tipo de vinculação. Sobretudo porque é provavelmente nos grupos onde existe uma maior prevalência de vinculação desorganizada que os pais mais precisam de apoio. Se queremos mudar algo ao nível da saúde mental, temos de intervir primeiro junto daqueles que mais precisam”.  

Este é o segundo curso ministrado no Ispa sobre a classificação da qualidade da vinculação através do paradigma da Situação Estranha. Este paradigma desenvolvido por Mary Ainsworth marcou a investigação em Psicologia do Desenvolvimento e abriu portas para intervenções baseadas em evidência científica junto das famílias em risco, diminuindo os problemas de comportamento e contribuindo, desta forma, para uma melhor saúde mental das nossas crianças e adolescentes. 

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