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Ispa atribui Doutoramento Honoris Causa a Grada Kilomba

24 de Abril, 2023

O Ispa – Instituto Universitário atribuiu o título de Doutora Honoris Causa a Grada Kilomba, artista interdisciplinar reconhecida pelo seu trabalho de mérito. A artista e investigadora agradeceu a homenagem e sublinhou que o Ispa, onde se licenciou em Psicologia Clínica, “foi mesmo uma casa, um refúgio onde eu cresci intelectualmente e artisticamente”.

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Foi perante a plateia do auditório Armando de Castro que Grada Kilomba recebeu da Reitora do Ispa, a Professora Doutora Isabel Leal, as insígnias.

A artista, Professora e investigadora portuguesa, com raízes em Angola e São Tomé e Príncipe, recebeu o Doutoramento Honoris Causa pelos seus relevantes trabalhos que, como salientou a presidente do Conselho Científico do Ispa, “procuram fazer-nos perceber que não podemos negar o nosso passado, devemos percebê-lo e assumi-lo como forma de descolonizar as nossas mentes, as mentes de todos/todas nós independentemente do nosso contexto social. Grada propõe-nos este caminho, aquele que nos abrirá as portas para o futuro.” Teresa Garcia-Marques frisou, ainda, que “vivemos num mundo que precisa de mudanças constantes. A Psicologia ajuda-nos a perceber não apenas como nos ancoramos no passado e resistimos à mudança como também necessitamos dela para libertarmos e abrirmos os nossos olhos. Grada Kilomba salienta como nos deixamos dominar pelo medo, ignorância e ódio, e alerta para a necessidade de transformação. A obra de Kilomba é assim um farol de esperança, um lembrete de que como indivíduos e sociedade podemos e devemos fazer melhor.”

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“A arte está presente, também, na ciência”

Grada Kilomba subiu ao púlpito e foi com emoção que agradeceu a homenagem do Ispa, onde foi a estudante nº 6072. A Doutora sublinhou que o “Ispa foi mesmo uma casa, um refúgio onde eu cresci intelectualmente e artisticamente”. “Agradeço muito estar aqui e de ter este reconhecimento que eu sei que é um passo muito grande e um reconhecimento que é uma grande honra. Mas eu quero agradecer também a muita gente com quem eu trabalhei e com quem eu tive a honra de trabalhar e que estão aqui. Eu aprendi ao longo da minha carreira… Houve alguém que falou ‘eu acho que é preciso ter muita disciplina para transcender’ e eu acho que essa transcendência é fundamental porque ao longo do caminho nós encontramos muitas obstáculos e muitas portas que se fecham oficialmente, mas é muito importante ser visionária ir para além de, ir para além de quem nos pega e quem nos cerra o caminho e ter algo que é muito maior do que o ego muito maior do que o corpo muito maior do que a alma que é a visão. Eu acho que isso é a arte. A arte está presente em tudo, em tudo o que é criação. A arte está presente, também, na ciência. É preciso ser criativo para pensar em novos modelos de pensamento em novas perspetivas críticas, em novas metodologias, em novos paradigmas, em novas questões que não estavam lá antes. A criatividade é fundamental para imaginar um mundo maior. E isso foi o que eu aprendi, a ter essa disciplina de ser sempre muito otimista e de ir para além daquilo que me pega e que me prende. Imaginar o maior e depois aprendi uma lição muito grande que nós não podemos trabalhar com toda a gente nem devemos trabalhar com toda a gente. Devemos apenas trabalhar com as pessoas que entendem e que podem caminhar connosco e que entendem a nossa visão e o nosso pensamento crítico. Eu acho que isso foi uma das coisas mais lindas que eu aprendi a não trabalhar com toda a gente, mas trabalhar com as pessoas que eu amo e que me amam também e que veem às vezes o que eu ainda não consigo ver. Então eu tive muita gente, que está aqui presente, com quem eu trabalhei e desenvolvi ideias. Creio que eu não poderia ser quem eu sou se não tivesse essas pessoas a acompanharem o meu caminho”, concluiu.

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