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Exposição | A Fuga
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A Galeria Malangatana, do Ispa – Instituto Universitário recebe a exposição “Da Impossibilidade do Sublime” do artista portuense Ricardo Castro Ferreira. A mostra conta com a curadoria de Ângela Fonseca.
Da impossibilidade do Sublime
A definição de “belo” é difícil, e encontra diferentes esteios ao longo da história da arte. Recorreu-se à filosofia para se discutir e refletir sobre este anseio e diversas foram as tentativas de representar ou atingir aquilo que é belo, através do ideal da perfeição. A arte enquanto representação do que é bom e belo foi o que conduziu a humanidade por séculos. Para esta corrente, a beleza é um valor real, concreto e indispensável. Aos poucos, estes conceitos foram sendo diluídos e, por fim, estes parâmetros perderam-se. Foi na modernidade que a tradição clássica foi rompida, o progresso viria, e a ideia de beleza e arte moderna comportou novas conceções. Na contemporaneidade, o belo, possui outras facetas, a estética é explorada e desconstruída de diversas formas, a beleza, já não se constitui como uma preocupação essencial do artista no momento de criação, sendo substituída pela valorização da conceptualização.
Nesta exposição, ressalta-se esse mesmo desinteresse, ou melhor, a impossibilidade que o artista encontrou, durante a sua reflexão, de atingir um ideal, o sublime, dentro da sua tipologia artística. O processo da sua prática, naturalmente enraizado em abordagens experimentais e regido por automatismos, atribuídos pela própria técnica da serigrafia, impedem que o artista consiga resultados que na sua conceção seriam os ideais, os mais belos, já que a tendência desta técnica é causar o que chamamos de “acidentes”, algo que não foi previsto, com este tipo de evento presente nas suas obras e na respetiva produção, a ideia de perfeição que conhecemos nunca poderá ser alcançada.
Por entre gestos amplos, longos e sobrepostos, carregados de uma inesperada e rica mistura de cores, camuflam-se paisagens pictóricas, presenteadas, enfim, com essas falhas e imperfeições surgidas da gestualidade. Não sendo, na maior parte das vezes, intenção do artista que estas imprecisões despontem, é na verdade nelas que a obra respira e reencontra a sua própria noção de perfeição.
Ângela Fonseca
Ricardo Castro Ferreira: Nasceu no Porto, vive e trabalha em Lisboa.
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